| 11/11/2009 05h30min
Então, é isso. Terminou o conto de fadas sonhado pelo Grêmio no qual Paulo Autuori era o príncipe encantado. Um sonho que poderia se tornar realidade em 2010, com o técnico planejando a pré-temporada, indicando reforços e montando o seu próprio time. Admiro a trajetória e o comportamento civilizado de Autuori. É um ótimo profissional, recheado de títulos e respeitado no ambiente do futebol. Mas não há como deixar de admitir:
Autuori falhou com o Grêmio.
Não é traição. Este seria um termo forte demais. E injusto. Se há concordância entre as partes, ainda que com alguma mágoa, não pode haver traição. O Grêmio será indenizado em pouco mais de R$ 1,3 milhão pelos árabes do Al-Rayyan, do Catar. Mas é fato: o Grêmio não queria este milhão. Mesmo atolado em dívidas, o Grêmio esperava que Autuori mantivesse o
discurso do dia 18 de maio, quando concedeu sua primeira
entrevista coletiva.
Ali, ele afirmou que a volta ao Brasil pelo Olímpico não se dava pelo dinheiro. Dinheiro ele tinha com os árabes, e muito. A motivação era o projeto revolucionário de trabalhar como técnico e manager do futebol, comandando também as categorias de base. Isso sem falar no contrato de dois anos.
Os dirigentes acreditaram em Autuori.
O resultado nestes seis meses foram decepcionantes? Claro que foram. Mas havia a convicção, no Grêmio, de que as vitórias viriam com uma temporada inteira sob seu comando, com pré-temporada e reforços indicados por ele. Ninguém espera 43 dias para contratar o treinador considerado ideal e, seis meses depois, muda de ideia. Não no caso do vice de futebol Luiz Onofre Meira e do presidente Duda Kroeff, ao menos.
O Grêmio acreditou. Acreditou até o último instante naquela primeira entrevista, na qual o agora ex-técnico apontou o projeto como um
sonho.
Um sonho cujo esforço para torná-lo real
seria capaz de resistir até aos R$ 700 mil mensais em petrodólares (ou petroeuros) oferecidos pelo mesmo Al-Rayyan que antes representava uma "zona de conforto", outro motivo para justificar a vinda para o Grêmio.
Foi Autuori que colocou nestes termos a sua relação com o Grêmio, dando a entender que, depois de cumprir vários grandes contratos na carreira, no Brasil e no Exterior, seria quase impossível uma proposta fazê-lo "balançar". Talvez tenha se deixado levar pelo entusiasmo na apresentação, exagerando no tom das declarações. Pode ser. Não digo que tenha agido de má fé, longe disso.
Mas ao largar um projeto diferenciado seis meses depois, como fazem a maioria dos técnicos comuns diante de uma oferta melhor, o grande Paulo Autuori falhou com o Grêmio.
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