Os sonhos e os desejos de um clube para o ano do Centenário, geralmente, acabam em tristeza e frustração para os torcedores. Pelo menos aqui no Brasil, o aniversário de 100 anos de uma equipe de futebol quase sempre acaba mal. A exceção é o Vasco da Gama, que se sagrou campeão da Libertadores no ano em que completava um século de vida. Mesmo assim, perdeu na final do Mundial de Clubes em 1998. Todos os demais fracassaram.

Até parece que uma nuvem negra persegue os clubes no ano de seus centenários. Mesmo que os dirigentes prometam grandes títulos, contratem craques da primeira linha do futebol mundial, promovam diversas ações de marketing, o resultado é, quase sempre, desolador.

Entre os principais times do Brasil, o Flamengo foi o primeiro a comemorar 100 anos. Em 1995, o presidente Kléber Leite formou um elenco recheado de estrelas com Sávio, Edmundo e Romário no ataque e Wanderley Luxemburgo como treinador. De bom mesmo, o chamado "melhor ataque do mundo", só conseguiu o título da Taça Guanabara. No Brasileirão, terminou com a 21ª colocação. Na Copa do Brasil, foi eliminado pelo Grêmio nas semifinais e caiu diante do Independiente na final da Supercopa dos Campeões da Libertadores.

Em 2002, depois de ter disputado a Série C do Brasileirão, o Fluminense não deixou que a tristeza por ter acabado de passar pelos piores anos de sua história abalasse a festa pelo centenário do clube. Para treinador, contratou Renato Gaúcho. Para o comando do ataque, trouxe Romário. O Campeonato Carioca foi o único título que o tricolor carioca conseguiu naquele ano.

Um ano depois, quem completou um século de vida foi o Grêmio. E, para não fugir da regra, penou até a última rodada para escapar do rebaixamento no Brasileirão, ficando na modesta 20ª posição. No ano seguinte, talvez ainda sofrendo com alguns resquícios da "Maldição do Centenário", o clube foi rebaixado. Além disto, em 2003, foi eliminado nas quartas-de-final da Copa Libertadores para o Independiente de Medellin. No Gauchão, uma campanha terrível, caindo na primeira fase.

O ano que marcou a volta do Botafogo à elite do futebol nacional também foi o do centenário do clube. Mas, em 2004, a estrela solitária continuou sem brilhar. O time sequer chegou às semifinais da Taça Guanabara e Taça Rio, além de ter sido eliminado na segunda fase da Copa do Brasil. No Campeonato Brasileiro, brigou até a última rodada para não voltar à Série B e acabou a competição apenas uma posição acima da zona de rebaixamento.

Para se ter uma ideia de como foi o aniversário de 100 anos do Atlético-MG, o Galo levou 5 a 0 do Cruzeiro na final do Campeonato Mineiro de 2008. Nomes como os de Ricardinho, Gallardo e D'Alessandro foram especulados, mas as principais contratações do clube acabaram sendo os veteranos Petkovic e Marques. No Brasileirão, apenas a 12ª colocação.

Inter e Coritiba comemoraram os 100 anos em 2009. O clube paranaense investiu pesado na contratação de Marcelinho Paraíba. Apesar do bom ano que fez o jogador, o máximo alcançado pelos paranaenses foi a terceira colocação no Regional. No Brasileirão, luta contra o rebaixamento.

Já o Colorado iniciou com muita festa o ano do centenário. Conquistou o Gauchão, a Copa Suruga e chegou à final da Copa do Brasil. Mas, depois de perder para o Corinthians, a maldição também atingiu o clube gaúcho. Mesmo que ainda tenha alguma chance de conquistar o título brasileiro, o time não correspondeu às expectativas e, provavelmente, terá que se contentar com uma vaga na Libertadores, no máximo.

O próximo clube a festejar os 100 é o Corinthians, em 2010. Ronaldo Fenômeno será o principal astro da festa. Outros grandes jogadores virão para a disputa da Copa Libertadores da América. O resultado do investimento que será feito só saberemos em dezembro do ano que vem. Mas, se analisarmos a história, o técnico Mano Menezes que comece a colocar às barbas de molho.

Carnaval e o centenário dos clubes

Duas das principais paixões do povo brasileiro costumam se unir quando os clubes comemoram 100 anos de vida. No Brasil, talvez uma das maiores homenagens que possa ser recebida é ser tema de enredo de uma escola de samba no carnaval. Isto já ocorreu algumas vezes quando alguns dos principais clubes do país comemoraram um centenário.

No Rio, quatro equipes foram homenageadas no ano em que completaram 100 anos: Flamengo, Vasco, Fluminense e América. A Unidos da Tijuca, que representava a nação vascaína, foi rebaixada em 1998. O enredo sobre o rubro-negro carioca valeu um sétimo lugar para a Estácio. Já a Acadêmicos da Rocinha (2002) e Unidos da Ponte (2004), que homenagearam tricolores e americanos, não subiram para o grupo de elite do carnaval carioca.

Mas os fracassos das escolas cariocas não se repetiram no sul do Brasil. A Acadêmicos da Realeza homenageou o Coritiba em 2009 e conquistou o bicampeonato do carnaval da capital do Paraná.

Em 2003, a Bambas da Orgia escolheu como tema de enredo o centenário do Grêmio e também ficou com o título. Da mesma forma ocorreu com a Imperadores do Samba, quando homenageou o Inter e conquistou o primeiro lugar.