| 02/11/2009 04h50min
Pode ser uma injustiça do ponto de vista pessoal, admito. Mas
não está errado dizer que a Era Tcheco está com
os dias contados no Grêmio. Ao reconhecer que precisa de jogadores com perfil mais vencedor para 2010, o técnico Paulo Autuori atinge o seu camisa 10 no coração.
Talvez Autuori nem tenha pensado nele quando falou, após a esdrúxula derrota de ontem por 2 a 0 para o Santo André, com aquele gol contra bizarro de Rafael Marques. Autuori é um homem correto. Não é de mandar recados pela imprensa.
Mas qual o emblema deste Grêmio recente que sinceramente luta, sinceramente é bravo, sinceramente se dedica e sinceramente não consegue ser campeão de algo importante?
Tcheco. É ele o emblema do Grêmio que não ganha e não se impõe fora de casa.
O processo já começou. Lento e gradual, porém inexorável. Há não muito tempo, Tcheco era capitão e unanimidade na torcida. Faltando cinco rodadas para terminar o Brasileirão, entregou a braçadeira ao goleiro Victor com toda a justiça.
Victor, jovem e milagreiro, vai à Copa da
África. Só isso basta para compor um perfil de vencedor no
futebol. Disputar um Mundial não é para qualquer um. Mas os sinais do fim da Era Tcheco vão adiante. Autuori já o deixou na reserva este ano, algo antes impensável.
O agradecimento do torcedor pelos seus anos voluntariosos e sua identificação com a camiseta do Grêmio não comovem mais como antes. O torcedor quer a volta dos anos 90. Quer títulos.
Tcheco deu o azar de chegar ao Olímpico em um momento de finanças em frangalhos, o que atrapalhou a construção de um time campeão. Mas o fato é que sua trajetória no Grêmio é perdedora.
É cruel, é dura, é injusta, mas é a realidade. O fim da Era Tcheco não significa dizer que ele mereça ser esquecido. A história do futebol não se faz só de vitórias. Não é feio perder. Feio é não lutar ou se amedrontar.
Tcheco é melhor do que muitos ex-jogadores com troféus a exibir nos 100 anos de clube, mas faltam-lhe histórias de jogos inesquecíveis e gols decisivos para contar. Toda torcida espera
façanhas do seu camisa 10. Tcheco, aos 33 anos, não
é personagem de nenhuma.
O Grêmio planeja mudar de cara em 2010 para esquecer o fracasso completo de 2009. Uma mudança de perfil que passa pelo fim da Era Tcheco.
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