| 02/10/2009 05h30min
Miguel Neves
Maxi López (foto) é muito amigo de Ronaldinho. Amizade nascida na Catalunha, nos tempos do Barcelona, e cultivada na medida do possível desde que o argentino deixou o clube espanhol. Antes de escolher o Grêmio, Maxi consultou a família Moreira. Tanto o craque do Milan quanto seu irmão e empresário Assis. Ambos foram ouvidos.
Conforme garante o atacante, o incentivo de Ronaldinho serviu como chancela para a decisão de morar em Porto Alegre. Ontem, entrevistado no Olímpico sobre as questões que afligem o Grêmio nesta parte final de Campeonato
Brasileiro, o camisa 16 tricolor levantou uma tese interessante. Polêmica, é verdade, mas nem tão absurda assim.
Maxi disse que gostaria de procurar Assis para sugerir a volta imediata de Ronaldinho. Agora, e não ao final do contrato com o Milan, em junho de 2011. Assim, o maior craque já formado no clube retornaria em 2010 para retomar o nível de rendimento que o consagrou como melhor do mundo.
Boa ideia do argentino. É difícil de acontecer, mas não faz tanto tempo assim era impossível. Agora é diferente. O presidente Duda Kroeff recebeu Assis em seu gabinete este ano como gesto simbólico para esquecer brigas do passado. Assis aceitou e agiu da mesma forma. Foi aí, inclusive, que surgiu a informação de que, após o contrato com o Milan, Ronaldinho poderia desfrutar as ruas da Zona Sul de Porto Alegre novamente.
Enquanto isso, craques brasileiros em baixa na Europa resolveram retomar suas carreiras em casa, no aconchego do lar. É outro elemento em favor da sugestão de Maxi
López.
Adriano Imperador abandonou a Internazionale e agora faz gols
pelo Flamengo. Voltou à Seleção Brasileira. Vai à Copa do Mundo. Nilmar, após mais de um ano no Beira-Rio, igualmente tornou a vestir a camiseta verde-amarela. Assim como Adriano, está com os dois pés na África do Sul. Sem contar que retomou a carreira na Europa, no Villarreal, da Espanha.
O caso de Ronaldo, então, é emblemático. Chegou ao Corinthians gordo, imenso, para se recuperar de mais uma lesão gravíssima no joelho. Ninguém acreditava. Deu certo. Foi campeão paulista e da Copa do Brasil. E como protagonista, fazendo belos gols. Dia destes, o presidente da CBF Ricardo Teixeira o chamou carinhosamente de "fofo", mas advertiu que o Fenômeno está nos planos. Ainda será preciso emagrecer e aumentar o nível de competição, mas para quem parecia ex-jogador, o retorno ao Brasil revelou-se um bálsamo milagroso.
A rigor, apenas Fred, que trocou a reserva do Lyon pelo Fluminense, se deu
mal. E, ainda assim, pode-se dizer que a distensão profunda na
coxa direita o atrapalhou. Sem falar na confusão das Laranjeiras, onde o patrocinador manda mais que os dirigentes.
Então, qual o problema de Ronaldinho vestir a camisa do Grêmio em 2010, se no Milan ele está na reserva, tendo que entrar no segundo tempo para resolver tudo sozinho? O que falta ao time do técnico Paulo Autuori, senão exatamente um meia-atacante, entre outras carências? Além do mais, convenhamos, no caso de Ronaldinho não precisa discutir posição. Nem vou falar do retorno de mídia e marketing de um lance ousado assim.
Como o Milan tem o vínculo de Ronaldinho até a metade de 2011, os italianos teriam que liberá-lo. E o Grêmio, se tem dificuldade para arrumar dinheiro capaz de manter Maxi López, menos ainda terá no caso do filho da dona Miguelina. Mas quem sabe com o Grêmio pagando apenas parte do salário? Dependendo de como estiver a situação do Milan e do jogador na virada do ano, pode não ser tão absurdo assim. Tudo
depende de ir pavimentando o caminho,
fazer sondagens, estreitar contatos. Seria um reforço e tanto para o Grêmio em 2010.
Haveria bronca dos torcedores ainda inconformados com a forma como Ronaldinho deixou o clube na virada do milênio, sem ressarcimento e sob a égide da entrada em vigor da Lei Pelé, que extinguia a figura do passe? Claro que haveria polêmica. Mas isso pode ser contornado.
Com um bom trabalho político de bastidores e a paixão desmedida de Ronaldinho pelo Grêmio — o próprio Maxi López comentou sobre isso ontem — até este obstáculo é contornável.
Ronaldinho no Grêmio em 2010: a sugestão do argentino é interessante.
E talvez não seja tão absurda assim.
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