| 31/07/2009 13h30min
Juliano Schuller
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O Inter não contratou Muricy Ramalho como boa parte da torcida queria, mas acaba de eleger o seu desempenho como modelo para retomar o rumo no Campeonato Brasileiro. Nestes últimos dias, o técnico Tite tem repetido uma frase no vestiário feito mantra. O objetivo é os jogadores a ouvirem até introjetarem o conceito, de modo a reproduzi-lo automaticamente. A frase é a seguinte:
— Se a gente não tomar a gente ganha, por que fazer a gente faz.
É uma linguagem de vestiário, é claro. Há termos repetidos que Tite raramente usa nas entrevistas. Formado em
Educação Física e Relações Públicas, vocabulário não é problema para ele. Mas o contexto é óbvio e ajuda até o entendedor ruim.
O Inter tem sofrido muitos gols desde que a maionese desandou, mesmo que os faça em boa média. Levou dois do Fluminense, mas salvou-se por conta dos quatro que marcou no Beira-Rio. Manteve a regularidade diante do Botafogo, por exemplo, mas de nada adiantou: levou três. Se a defesa tivesse resistido, o retorno a Porto Alegre seria de louvores, com um orgulhoso 2 a 0 na bagagem. E para suplantar o Barueri, quando a vitória só veio com um 3 a 2 em casa?
Então, este é o mantra: se o Inter não tomar gols, ganhará o jogo porque lá na frente os gols saem. E o modelo deste espírito é o São Paulo de Muricy tricampeão brasileiro. Quem me contou esta história foi Andrezinho (foto), agora titular absoluto do Inter, depois de passar mais de um ano sendo considerado bom apenas quando entrava no segundo tempo.
O cobrador de faltas do Inter me disse assim. "O Tite vive nos dizendo isso. E ele tem razão. Quem foi a defesa menos vazada em 2006? E 2007? E
2008? Parece que ficou faltando um gol só.
Dá uma conferida nisso...."
Fui conferir no histórico de desempenho de Zerohora.com e clicEsportes, ferramenta que permite cruzar aproveitamento, posição na tabela e pontos de todos os times do Brasileirão desde 2002. Ali, há também os dados estatísticos do sistema de pontos corridos.
2006 — São Paulo campeão e melhor defesa: 32 gols sofridos.
2007 — São Paulo campeão e melhor defesa: 17 gols sofridos.
2008 — São Paulo campeão e segunda melhor defesa: 35 gols sofridos (contra 34 do Grêmio)
Portanto, o Inter viaja ao Japão disposto a reordenar a defesa intransponível no começo da temporada e hoje mais parece porta de shopping, que se abre quando alguém se aproxima.
E o modelo é o São Paulo de Muricy Ramalho.
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