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 | 05/06/2009 05h10min

O Grêmio está exorcizando Celso Roth

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



Tudo bem que era o Náutico, um adversário de nível apenas mediano. Mas a vitória do Grêmio por 3 a 0, especialmente no segundo tempo, mostrou um caminho para a Libertadores. Que é o caminho de Paulo Autuori: menos ligação direta da defesa para o ataque, mais aproximação e troca de passes. Os números escancaram o resultado desta mudança: foram 19 finalizações contra apenas seis do Náutico.

Ainda é preciso esperar para ver se contra um inimigo que erre menos passes e marque melhor Souza e Tcheco conseguirão controlar tão bem a posse da bola com toques curtos. Mas o que se viu ontem foi uma evolução do Grêmio em relação a si mesmo. Por orientação do seu treinador, o time voltou melhor no segundo tempo. Enquanto caminhava para a casamata, Autuori foi entrevistado e afirmou:

— Pedi menos espaçamento entre as linhas para termos mais facilidade de tocar a bola e facilitar a vida dos atacantes.

Se você viu o jogo, há de concordar: não foi exatamente isto o que aconteceu na segunda etapa? Quando os jogadores seguiram à risca as orientações de seu treinador, o horizonte antes limitado tornou-se infinito. Pode ser que esteja aí a explicação para uma certa irregularidade no desempenho do Grêmio de Autuori.

Depois de tanto tempo jogando na filosofia de Celso Roth — força, velocidade, defesa e contra-ataque rápido — talvez demore um pouco mais até os jogadores acreditarem que têm qualidade para propor o jogo. Autuori gosta de falar em triângulos, o que pressupõe tabelas. Neste conceito, o futebol de Tcheco e Souza tem tudo para crescer ainda mais, estabelecendo uma produção ofensiva como a de ontem, com 19 chutes a gol.

Até o jogo contra o Caracas, dia 17, pela Libertadores, são mais dez dias para a filosofia de futebol de Autuori ser assimilada. De resto, é torcer para haja tempo suficiente, até os enfrentamentos escabrosos, de o Grêmio exorcizar de vez o que ainda restou de Celso Roth.

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