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Eleições  | 03/10/2010 00h10min

Participação de adolescentes nesta eleição é a menor dos últimos 10 anos

Número de eleitores com 16 e 17 anos no pleito de domingo será quase 30% menor ao registrado em 2000

Guilherme Mergen  |  guilherme.mergen@zerohora.com.br

Uma ideia do estudante Matheus Hoscheidt, 17anos, para mobilizar alunos do Colégio Rosário Marista, na Capital, contrariou — mesmo que involuntariamente — uma tendência do eleitorado gaúcho: a queda na participação de adolescentes nas eleições. O aluno promoveu um mutirão na escola para a confecção do título eleitoral em outubro do ano passado.

— Por iniciativa nossa, servidores do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) foram à escola. Mais de 150 títulos foram feitos.

Apesar de iniciativas como a do estudante, o envolvimento de eleitores com 16 e 17 anos no pleito deste domingo no Estado será o menor dos últimos 10 anos, quando a população compareceu às urnas por seis vezes. De 2000 até maio deste ano, o número de adolescentes aptos para votar caiu quase 30%, segundo o TRE.

Na primeira eleição da década, em 2000, 188 mil jovens cidadãos gaúchos exerceram seu direito de escolha. No próximo domingo, 118 estão aptos para votar nas 30 mil urnas instalados no Estado. Para o cientista político Benedito Tadeu César, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a queda está diretamente relacionada com o fator demográfico — o envelhecimento da população — e o desinteresse dos jovens pela política.

O especialista atribui essa queda na participação ao contexto social político atual. Ao contrário da época de sua juventude, quando o Brasil enfrentava um regime ditatorial, os jovens de hoje já convivem em uma sociedade com liberdade democrática e com melhores condições de vida.

— Hoje, os adolescentes vivem em país muito diferente se comparado com outros períodos. Desde 1989, com as eleições diretas, há uma tendência de reduzir o interesse da população pela política, e não apenas entre jovens. Eles (jovens) mantêm a rebeldia individual, mas perderam a rebeldia social, que era mais ligada ao enfrentamento de costumes — afirma.

Distanciamento de linguagem

Um outro fator a ser levado em consideração é a falta de adequação do discurso político à linguagem dos jovens. Os principais partidos brasileiros ignoraram a comunicação jovial. Na opinião de César, o interesse da nova geração pela política pode ser retomada somente quando as siglas direcionarem suas ações e falas para esse público-alvo.

— Os partidos precisam falar a linguagem dos jovens, despertar para este público. Caso contrário, o distanciamento tende a ser maior.

No entanto, para o estudante Mateus, o interesse precisa partir também do adolescente. Ele votará no domingo pela primeira vez.

— Há um comodismo político nesta idade. Justamente por isso que nos mobilizamos para a confecção do título eleitoral. Estar apto a votar nos estimula a despertar para a política, a não esperar ser obrigado a votar, aos 18 anos, para discutir eleições.

A redução no número de eleitores adolescentes

2000 — 188.326 eleitores
2002 — 199.277 eleitores
2004 — 189.828 eleitores
2006 — 138.089 eleitores
2008 — 135.511 eleitores 
2010 — 118.647 eleitores

(Fonte: TRE-RS)

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Tiago Rigo, Divulgação/Colégio Rosário / 

Matheus Hoscheidt, 17 anos, defende voto antes dos 18 anos
Foto:  Tiago Rigo, Divulgação/Colégio Rosário


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