Eleições | 23/09/2010 23h43min
Em depoimento que durou mais de seis horas, nesta quinta-feira, na Polícia Federal (PF), o empresário Fábio Baracat confirmou esquema de tráfico de influência montado na Casa Civil da Presidência da República pela família da ex-ministra Erenice Guerra, afastada do cargo na semana passada. Ele deu recibos de pagamentos para provar que, na condição de representante da empresa de transportes aéreos MTA, manteve contrato com a empresa Capital Assessoria, controlada por filhos da ex-ministra, para obtenção de negócios nos Correios.
Foi Baracat quem denunciou à revista Veja o suposto esquema que consistia em cobrar "comissão de sucesso" de 5% sobre cada negócio obtido junto aos Correios em favor da MTA. Os recibos, anexados ao inquérito da PF, mostram pagamentos mensais de R$ 20 mil por um período de seis meses, totalizando R$ 120 mil. O delegado Roberval Vicalvi, encarregado da investigação, pediu evidências que caracterizem o pagamento da "comissão de sucesso" que Baracat teria acertado com Israel, filho de Erenice e suposto líder do esquema.
A MTA conseguiu contratos de R$ 60 milhões na estatal, um deles sem licitação. O empresário confirmou um encontro mantido com a ex-ministra, intermediado por Israel, mas disse que foi de natureza "social" e negou que ela tenha tratado de negócios ou demonstrado qualquer atitude que indicasse ter conhecimento do lobby, conforme relato do seu advogado Douglas Silva Telles.
– Ele disse que foi uma reunião meramente social e nada se discutiu relacionado a contratos ou negócios com o governo.
O delegado quis saber qual era o interesse de Baracat na MTA, uma vez que não era dono ou diretor da empresa, e desde quando cessou seu vínculo de representante e o motivo de ter sido afastado. Fez também várias perguntas relacionadas à participação do ex-diretor dos Correios Eduardo Artur Rodrigues Silva no suposto esquema.
Suspeito de ser testa de ferro do argentino Alfonso Rey, que seria o real controlador da MTA, conforme reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo, Silva foi ouvido a seguir, mas não quis dar declarações à imprensa e a PF não divulgou o teor do depoimento.
Nesta sexta-feira, será ouvido Vinícius Castro, cuja mãe figura como sócia da Capital Assessoria, junto com Saulo, o outro filho de Erenice. A polícia ainda não conseguiu entregar as intimações de Israel e Saulo, os próximos que terão de dar explicações no inquérito.
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