Tem coisas que irritam. Se quem promove essas coisas que irritam é um candidato a cargo público – alguém cuja função seria justamente combater as coisas que irritam –, aí o caso se agrava. Principal mecanismo de informação ao eleitor, a propaganda compreende um papel insubstituível na disputa democrática. Mas eventuais excessos despertam o que de pior um candidato pode conquistar: a rejeição.

– Não existe mais limite para nada, não existe respeito por ninguém. Que país é este? Eu estou cansada, saturada, indignada. Isso aqui virou um manicômio, é um circo em altos brados, é uma...

Maria Helena de Gonçalves, como dá para notar, está irritada – chegou a se engasgar antes de completar a frase acima. Aposentada, 62 anos, ela toma calmante para dormir. Vive com as janelas trancadas, mal tem “ar para respirar” no sétimo andar de um prédio na Rua Washington Luiz, centro de Porto Alegre.

Porque a barulheira dos carros de som começa de manhã no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, arruinando o repouso da irmã doente. Ofendida, Maria Helena jamais votaria no candidato ao Senado que, no feriado farroupilha, tinha seu jingle repetido aos berros antes das 10h. É assim que a propaganda provoca efeito reverso: em vez de atrair simpatia, produz repulsa.

Apesar disso, especialistas são unânimes ao apontar benefícios na propaganda eleitoral. Saiba o que eles e outros eleitores pensam sobre o assunto na reportagem completa, em Zero Hora desta quinta-feira.