As bandeiras estreladas que tomaram o Gigantinho no comício de 29 de julho ficarão guardadas. Em visita hoje à Capital, a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) deverá ser vista cercada pelas rosas do logotipo do PDT e, mais timidamente, até pela chama do PMDB.

Em uma espécie de acordo de cavalheiros entre os partidos que a apoiam, Dilma será cortejada em dois eventos desvinculados da candidatura de Tarso Genro (PT) ao governo do Estado. Estará mais próxima dos adversários do candidato petista.

O primeiro compromisso do dia será às 10h, na Amrigs, onde Dilma falará a prefeitos, vices e vereadores do Interior, que receberão um kit de material de campanha para divulgar em seus municípios. Às 14h, Dilma estará na sede do PDT, na Rua Félix da Cunha, que será transformada em comitê após encontro com líderes do partido. A ideia é reforçar o vínculo de Dilma com o PDT, sua legenda antes de migrar para o PT, em 2001. Imagens da atual candidata junto a Leonel Brizola irão decorar o auditório.

No material de divulgação do novo comitê, ainda embalado na sede pedetista na tarde de ontem, Dilma aparece em duas versões de cartazes e de folhetos, uma sozinha e outra acompanhada do presidente Lula. Nenhum deles faz referência a candidatos ao governo do Estado. Na mesma sala, dividirá espaço com cartazes dos candidatos a governador e vice-governador José Fogaça (PMDB) e Pompeo de Mattos (PDT), sempre juntos, e com o material de Germano Rigotto (PMDB), candidato ao Senado.

Participação de Fogaça seria discutida à noite

A possibilidade de contato direto com eleitores ou de um encontro com candidatos petistas entre os dois compromissos foi descartada. Dividir com partidos da coligação nacional a popularidade de Dilma – que pela primeira vez ultrapassa José Serra (PSDB) em pesquisas de intenção de voto no Estado – é um preço que o PT estadual se viu obrigado a pagar.

– Acho que estamos maduros o suficiente para isso. É importante para o pessoal do Interior ter segurança de que os projetos realizados com o governo federal tenham continuidade. E nisso entram todos os partidos. PDT, PMDB... Até o pessoal do PP, que está com Yeda – avalia o coordenador da campanha de Dilma no Estado e prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT).

Enquanto o PDT abraça Dilma sem constrangimento, o PMDB demonstra cautela. Embora o evento de hoje deva contar com cerca de 50 prefeitos da legenda, a campanha de Fogaça não deseja, ao menos neste momento, vinculá-lo a um dos concorrentes ao Planalto. Coordenador da campanha de Fogaça, o deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB) discutiria ontem à noite com o senador Pedro Simon (PMDB) a possibilidade de marcar presença no encontro da Amrigs. A “tendência” era de ele não comparecer.

– Sou Dilma desde que ela tinha 4% (das intenções de voto). Mas temos de pensar no que nos une, que é o Fogaça. Há quem apoie um e quem o outro (Dilma ou Serra), daí a opção do PMDB pela neutralidade – resume Mendes.