clicRBS
Nova busca - outros

Notícias

Eleições  | 06/07/2010 04h10min

Para Ibsen, PMDB errou ao indicar só um candidato ao Senado

Deputado federal, lembrado para a segunda vaga, ficou de fora da escolha

Paulo Germano  |  paulo.germano@zerohora.com.br

Uma semana após o PMDB rejeitar seu nome para o Senado, o deputado federal Ibsen Pinheiro veio a público ontem apontar o que considera “equívoco do partido”. – Quem fez certo foi o PT – afirmou o parlamentar.

A cúpula do PMDB decidiu, no último dia 27, que apenas Germano Rigotto concorrerá a senador pela sigla. Abriu mão, portanto, da segunda vaga a que teria direito – e Ibsen era o mais cotado para assumi-la. Rigotto foi intransigente, conforme peemedebistas que participaram daquela reunião: sob o argumento de que o colega poderia lhe tirar votos, insistia em concorrer sozinho.

Até simpatizantes da candidatura de Ibsen, como o tesoureiro Rospide Neto e o deputado estadual Luiz Fernando Záchia, deram o braço a torcer. De acordo com um dirigente do PMDB, ceder às exigências do ex-governador foi uma forma de jogar a responsabilidade sobre o colo dele: se a estratégia fracassar, a culpa será de Rigotto, exclusivamente.

Foi esta hipótese do fracasso, segundo Ibsen, que o motivou a externar suas críticas. O parlamentar duvida que a candidatura única possa ajudar o ex-governador.

Como em outubro o eleitor votará em dois candidatos ao Senado, Ibsen acredita que a situação poderá fortalecer os adversários Ana Amélia Lemos (PP) e Paulo Paim (PT). Sem ter ao lado um segundo candidato do PMDB, Rigotto estaria abrindo uma brecha para seus próprios eleitores contribuírem para a vitória dos concorrentes. O PT, por exemplo, oferece aos simpatizantes de Paim a segunda opção de voto: Abgail Pereira, indicada pelo aliado PC do B.

Correligionários sugeriram a Rigotto telefonar para Ibsen

Na reunião do dia 27, Rospide Neto pediu ao presidente estadual do PMDB, senador Pedro Simon, que telefonasse para Ibsen avisando sobre a decisão. Simon ligou, na mesma noite.

O deputado federal Eliseu Padilha, assim como Rospide, também achava de bom tom que Rigotto falasse com Ibsen sobre a opção de concorrer sozinho. O ex-governador, no entanto, não ligou até hoje.

A última vez que Rigotto falou com o deputado sobre o assunto faz três semanas. A intenção era justamente convidar Ibsen para concorrer a senador ao seu lado. Mas, depois que o PP e o PSDB decidiram lançar apenas a candidatura de Ana Amélia Lemos – dispensando a segunda vaga da coligação –, Rigotto mudou de ideia.

– A verdade é que o Ibsen nunca moveu uma palha para ser candidato. Agora fica fácil criticar – diz um dirigente do PMDB.

"Não estou disputando vaga, só acho que é um equívoco"

No dia em que completou 75 anos, o deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB) decidiu ontem expor o que seria um erro do PMDB: a candidatura única do ex-governador Germano Rigotto. Ao considerar-se livre para comentar o assunto por não ser mais parte interessada, uma vez que a convenção já ocorreu, Ibsen concedeu a seguinte entrevista a Zero Hora:

ZH – Por que seria um equívoco apenas Rigotto concorrer ao Senado pelo PMDB?

Ibsen – É uma decisão de alto risco para a candidatura do próprio Rigotto. Este é o alerta que venho fazer. É um equívoco supor que uma candidatura única, quando há duas vagas, produz um efeito positivo. O PMDB corre o risco de fortalecer as chances de Paulo Paim e Ana Amélia Lemos, que têm candidaturas muito sólidas. Se o eleitor de Rigotto destinar a eles seu segundo voto, existe um perigo evidente de eles serem os mais votados.

ZH – Por que o senhor só decidiu expor essas críticas agora, depois que a decisão está tomada?

Ibsen – Acho que é preciso fazer a avaliação política dessa decisão. Não fui à reunião (que no dia 27 definiu apenas Germano Rigotto como candidato ao Senado) porque eu era parte interessada no processo. Só me sinto à vontade agora para fazer isto exatamente porque deixei de ser parte interessada. Não estou postulando esta candidatura, quero que isto fique claro. Nunca aceitaria esta candidatura como resultado de uma disputa.

ZH – Mas o senhor queria ser candidato ao Senado?

Ibsen – Eu não pretendia ser candidato. Apenas atendi a uma ponderação que partiu do próprio Rigotto e do Simon. Eles acreditavam que, concorrendo juntos, Rigotto e eu nos fortaleceríamos mutuamente. Eu já havia decidido deixar de concorrer a deputado, mas aceitei esta ponderação dos dois. Quando o partido mudou de visão, interpretei como encerrada minha participação neste caso. Não estou disputando a vaga, só acho que é um equívoco pensar que uma candidatura única é vantajosa.

ZERO HORA
Nuvem Esperança

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.