Embora enfrente resistências de alas do partido, o deputado federal Vilson Covatti (PP) já fala como vice da candidatura à reeleição da governadora Yeda Crusius (PSDB). À véspera do prazo dado pela executiva estadual para inscrição de nomes, ainda não surgiu alguém capaz de enfrentar aquele que é considerado uma “máquina de votos”, por ter somado 160 mil para chegar à Câmara, e assusta parte dos colegas pelo temperamento explosivo e pela ambição pessoal.

Sem um concorrente à altura, Covatti aproveita para conquistar espaço. Durante o final de semana, circulou pelo Interior se apresentando como vice e indicando o filho Luis Antônio como seu substituto na eleição à Câmara. Também fez questão de marcar presença ao lado de Yeda Crusius na abertura da Feira Nacional do Frango (Fenafrango), em Passo Fundo.

– Espero que a confirmação do meu nome seja tranquila, porque eu não estou blefando. Vou ser um vice disciplinado, à disposição da governadora – afirma (leia entrevista nesta página).

Oficialmente, integrantes da executiva estadual do PSDB dizem que Covatti representa um “ótimo nome”, por ser capaz de puxar votos, mas nos bastidores há controvérsia. Como já manifestou que seu projeto pessoal é concorrer ao Piratini em 2014, não teria uma atuação discreta numa eventual passagem pelo Palacinho.

Para tentar alterar o cenário, o presidente da Famurs, Marcus Vinicíus de Almeida, planeja conversar no final desta manhã com o presidente do PP, Pedro Bertolucci, para convencê-lo a ampliar o prazo. O argumento é que o partido precisa de mais tempo para debate. O nome preferido de Marcus Vinícius para vice é o do deputado estadual Jerônimo Goergen, que é visto como um talento jovem, de perfil equilibrado e bom trânsito entre o agronegócio e a juventude urbana, mas desistiu de se inscrever por considerar que a disputa prejudicaria o partido.

– Os prefeitos entendem que devemos prorrogar esse prazo. A governadora também deve ter direito a opinar sobre o perfil de vice que ela quer – defende o presidente da Famurs, que é prefeito de Sentinela do Sul pelo PP.

Mas Bertolucci descarta a possibilidade de ampliar do prazo:

– O prazo foi estabelecido pelo diretório, não dá para mudar os critérios no meio do jogo. Covatti seria um excelente parceiro para Yeda, vai turbinar a candidatura dela.

"Vou empolgar esta eleição", diz Vilson Covatti

Enquanto acompanhava uma gincana com 3 mil jovens em Arroio do Meio, ontem à tarde, Vilson Covatti (PP) conversou por telefone com ZH sobre a expectativa de ter seu nome confirmado como vice de Yeda. A seguir, a síntese da entrevista:

ZH – O que leva o senhor a desistir de uma reeleição dada como certa para concorrer a vice?

Covatti – É o projeto da governadora. Faço vida pública por vocação, sou apaixonado por gestão. A governadora está fazendo uma gestão que seria a maior injustiça do povo não dar mais quatro anos a ela.

ZH – Que tipo de vice o senhor pretende ser?

Covatti – Um vice à disposição da governadora e do governo, disciplinado. Não sou inexperiente.

ZH – Há quem diga que o senhor tem um temperamento mais explosivo. É verdade?

Covatti – Nunca tumultuei nada. Vou ser um vice à disposição da governadora. Ninguém mais do que eu vai trabalhar para ganhar a eleição. Porque eu vou ser beneficiado, junto com o povo gaúcho. O mal do vice é quando ele não sabe o que representa o cargo de vice.

ZH – O senhor pretende fazer algo de diferente como vice?

Covatti – Não. Quero estar à disposição para que a governadora não sofra o que ela sofreu neste mandato.

ZH – Seu projeto é concorrer a governador em 2014?

Covatti – Claro. Ninguém mais do que eu vai querer que a governadora faça um grande trabalho. O sucesso da governadora é o meu sucesso. Ao lado da governadora, vou motivar e empolgar esta eleição. A governadora merece ter um vice disciplinado, companheiro. Se a governadora tem um fã, sou eu. Entendo que esta dupla vai ser imbatível.