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 | 20/05/2010 03h38min

Crescimento de quase 10% no primeiro trimestre preocupa governo e analistas

Segundo o Banco Central, o PIB brasileiro avançou 9,85%

O primeiro trimestre do ano mostra que o Brasil retomou os trilhos do desenvolvimento e que se aproxima dos índices mágicos da China – o país com maior crescimento no mundo. Mas uma pressão inflacionária, a eventual falta de produtos e um desajuste na economia podem vir na esteira do crescimento acima do desejado pelo governo.

De janeiro a março, o país cresceu 9,85% sobre o mesmo período do ano passado, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (BC). Em relação ao quatro trimestre de 2009, a expansão da economia foi de 2,38%.

O resultado oficial do Produto Interno Bruto (PIB), que será divulgado no dia 8 de junho, é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo que não confirme a projeção do BC, a expectativa do mercado é de um resultado histórico.

– Nossas projeções são até superiores às do Banco Central. Acreditamos que o país tenha crescido 10,8% no primeiro trimestre em relação a 2009 – avaliza o economista-chefe do Citibank, Marcelo Kfoury.

Kfoury diz que o desempenho não deve se manter no segundo trimestre do ano, embora a tendência de avanço do PIB permaneça. Para ele, o Brasil deve avançar 7,6% em 2010, o maior crescimento da economia em relação ao ano anterior desde 1983.

– É um desempenho que preocupa, pois se não há oferta de mão de obra nem investimentos para sustentar a alta e o resultado é inflação – disse.

Para o ex-presidente do BC e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, a principal medida para o governo conter o crescimento seria a retomada do superávit primário à proporção 3,5% do PIB. O economista descarta que nos próximos trimestres a economia cresça na mesma intensidade. Isso porque, lembrou Loyola, a base de comparação de 2009 foi muito baixa, em virtude da crise. Na avaliação do ex-presidente do BC, a economia brasileira deverá crescer 6,5% em 2010.

Em Madri, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que o crescimento do primeiro trimestre foi alto demais em razão do juro baixo e dos incentivos fiscais, como IPI reduzido.

Aumento do juro e corte no orçamento freiam alta

Para frear a economia, há três semanas o BC elevou a taxa básica de juro para 9,50% ao ano como forma de conter a alta do consumo. Na semana passada, o governo anunciou corte de R$ 10 bilhões no orçamento de 2010.

O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Vasconcelos, disse que o índice produzido pela instituição está muito próximo dos dados medidos pelo IBGE para o PIB. O diretor classificou como “bastante positivo” o começo do ano, mas advertiu que o BC não fará nenhuma revisão de ­suas projeções econômicas para 2010.

Prós e contras do crescimento alto
O LADO BOM
- Mais empregos: crescimento econômico em geral se reflete na geração de vagas. Em 2009, quando a economia ficou estagnada pela crise global, o desemprego no país foi de 8,1%. A expectativa para este ano, com a volta do crescimento, é de 6,8%.
- Mais renda: com mais produção, todos os setores vendem mais e acumulam renda. Se for bem distribuída, beneficia a todos: até 2011, o PIB per capita do país deverá chegar a US$ 10,9 mil ante US$ 7,9 mil do ano passado.
- Maior saldo comercial: com maior produção, o país pode vender mais no mercado externo e melhorar o desempenho das contas com os parceiros internacionais. Esse saldo é fundamental para enfrentar momentos de crise.
O LADO RUIM
- Menos mão de obra especializada: períodos de prosperidade costumam revelar os maus desempenhos educacionais do país. A baixa oferta de trabalhadores qualificados para desempenhar funções que exigem alto desempenho pode gerar problemas de produção.
- Menos produtos: se os investimentos públicos e privados não acompanharem os níveis de crescimento, haverá menos produção e, consequentemente, menos oferta de produtos nas prateleiras.
- Menos estabilidade: com menos oferta, a tendência é de alta nos preços de produtos e instabilidade no sistema econômico como um todo. O resultado mais visível desse processo é a inflação, que deve ter alta em 2010: acima de 5% este ano ante 4,3% de 2009.

ZERO HORA
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