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 | 11/05/2010 04h13min

Primeiro-ministro britânico anuncia renúncia para facilitar negociações com os liberais

Trabalhistas podem garantir permanência no poder

Após uma eleição que apontou para a formação de um provável governo dos conservadores, encabeçado por David Cameron, o premier britânico, Gordon Brown, anunciou que renunciará à liderança do Partido Trabalhista e posteriormente à chefia de governo para facilitar um acerto entre sua legenda e o Liberal-Democrata de Nick Clegg. Se a medida surtir efeito, os trabalhistas garantirão sua estabilidade no poder, posição que ocupam há 13 anos.

A renúncia era uma exigência do Liberal-Democrata e independe, segundo Brown, de o Partido Trabalhista continuar no poder. O primeiro-ministro não deixará o cargo imediatamente, mas esclareceu que quer que sua legenda tenha um novo líder até a conferência trabalhista de setembro. O favorito a suceder Brown na liderança do partido é David Miliband, ministro das Relações Exteriores, de acordo com o jornal britânico The Guardian.

A união entre trabalhistas e liberais democratas reduziria as chances de um governo de minoria encabeçado por Cameron. Falando diante de Downing Street 10, sede do governo, o premier admitiu que a decisão de deixar o cargo que ocupa desde 2007 se deve à derrota de seu partido nas urnas na eleição de quinta-feira passada. Na ocasião, os trabalhistas perderam 87 assentos no Parlamento – composto por 650 membros – e os conservadores conquistaram 306 assentos e chegaram perto da maioria absoluta na Casa (confira os números no quadro à direita). Na Grã-Bretanha, o posto de premier é ocupado pelo líder do maior partido no Parlamento.

– Se ficar claro que o interesse nacional, de um governo estável e com princípios, poderia ser mais bem atendido pela formação de uma coalizão entre o Partido Trabalhista e os liberais democratas, então acredito que deveria dar início a esse movimento para formar esse governo que, na minha visão, comandaria uma maioria na Câmara dos Comuns – afirmou Brown.

Nick Clegg negocia com os dois maiores partidos

Membros do Partido Liberal-Democrata afirmaram que um compromisso com os trabalhistas seria mais adequado do que com os conservadores. Mesmo assim, Clegg negocia também uma coalizão ou, ao menos, apoio tácito, a um eventual governo de Cameron, mas os conservadores evitam fazer concessões no ponto que mais interessa aos liberais democratas: uma nova legislação eleitoral.

– Nossos comprometimentos em um novo sistema eleitoral para a Câmara dos Comuns e para a Câmara dos Lordes são claramente parte disso – afirmou Brown, comentando a “demanda por mudanças políticas e eleitorais” expressa pelos britânicos no pleito.

Ainda ontem, Clegg disse que vai conversar com o Partido Trabalhista para criar um governo de coalizão, mas também vai seguir negociando com seu partido rival. Ele afirmou que a saída de Brown “pode ser um elemento importante para uma transição suave para um governo estável”.

Na ponta do lápis
- O posto de primeiro-ministro é ocupado pelo líder do maior partido no Parlamento.
- A Câmara dos Comuns (análoga à Câmara dos Deputados) tem 650 assentos, mas cinco deles são do Sinn Féin, partido associado ao IRA, e não serão ocupados. Assim, para se alcançar a maioria, são necessárias 323 cadeiras.
- Os tories (como são chamados os conservadores) têm 306 assentos e podem chegar a 315 com o apoio de um partido menor que lhe dê sustentação.
- Os trabalhistas têm 258 assentos. Os liberais democratas, 57. Unidos, eles teriam 315 votos, mas para conquistar a maioria, precisariam ainda de alianças com legendas menores.
Fonte: The Guardian

ZERO HORA
STR, EFE / 

Brown espera que o novo líder trabalhista seja escolhido até setembro
Foto:  STR, EFE


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