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 | 10/12/2009 08h06min

Fossati é tido como um técnico disciplinador, inquieto e defensivista

Uruguaio conhece bem os rivais do Inter na próxima Libertadores

Leandro Behs*  |  leandro.behs@zerohora.com.br

Depois de Pedro Rocha, em 1996, o Inter deverá apostar em um novo técnico uruguaio. Jorge Fossati, 57 anos, ex-LDU, poderá ser o comandante colorado na Libertadores. O acerto seria oficializado até amanhã, após uma conversa da direção com o treinador, em Montevidéu. O Inter quer esperar mais algumas horas até o acordo com Fossati porque Muricy Ramalho segue a perigo no Palmeiras. Caso o clube paulista decida demitir o técnico, Muricy desembarcaria no dia seguinte no Beira-Rio.

Enquanto Muricy segue preso ao Palmeiras com um contrato até o final de 2010, o Inter encaminhou uma oferta a Fossati. Por um ano de contrato, Fossati receberia US$ 80 mil mensais (R$ 139 mil). Para assumir o Inter, o treinador recusaria a proposta para treinar a seleção do Equador.

Ex-goleiro com passagem por Avaí e Coritiba, o uruguaio já treinou clubes de seu país, da Argentina, do Paraguai e do Equador, conhece bem os rivais na Libertadores, além de ter vencido a última Sul-Americana com a LDU. As opções brasileiras, Luxemburgo, Muricy e mesmo Mano Menezes – que renovou com o Corinthians meses atrás, após o assédio colorado –, seriam bem mais caras. Ainda que não confirme a contratação do técnico, o vice de futebol do Inter, Fernando Carvalho, revela o perfil que o clube precisa para a Libertadores:

— Jogador gosta de técnico que dá porrada. Gosta de subordinação.

Segundo a imprensa uruguaia, ao assumir a seleção, em 2004, o primeiro trabalho de Fossati foi “domar” estrelas como Recoba, Forlán e Montero. Em 2009, o técnico tentou remontar a LDU para a Libertadores, sem sucesso (ver quadro). Apesar disso, Jorge Fossati é tido como o técnico que revolucionou o futebol do Equador.

— Com Fossati, a LDU e até mesmo a seleção do Equador passaram a defender-se melhor. Primeiro ele arma a defesa, depois, pensa no ataque — comenta o repórter Santiago Neuman, do jornal equatoriano El Universo.

Deu certo. Logo em seu primeiro ano, Fossati conquistou o Campeonato Equatoriano. É justamente o que o Inter procura, uma vez que em 2009 teve o ataque mais efetivo do Brasil, com 156 gols no ano, mas uma defesa que apresentou falhas.

Na temporada seguinte, deixou a LDU para tentar salvar a desastrosa campanha do Uruguai nas Eliminatórias à Copa da Alemanha. Assumiu no returno, manteve-se invicto (ganhou de Argentina e Paraguai, empatou com o Brasil), mas não foi ao Mundial porque perdeu a repescagem para a Austrália.

— Na seleção, Fossati fez um ótimo trabalho, levou um time desacreditado à repescagem. Não foi à Copa por culpa da péssima logística da AUF, que, em vez de fretar um avião, fez a equipe cruzar o mundo em voos comerciais — avalia o repórter Diego Rosa, do jornal El País, de Montevidéu.

À beira do campo, Fossati é tido como um técnico sanguíneo, inquieto. Não é raro vê-lo brigando com os árbitros ou até mesmo com o treinador adversário.

*Colaboraram Leonardo Oliveira e Leonel Chaves

Raio X da carreira

LDU (2009) LIBERTADORES:

Campeão equatoriano com o clube em 2003, Fossati foi escolhido para comandar a LDU que defendia o título da Libertadores de 2008. Integrante do grupo da morte – com Palmeiras, Colo-Colo e Sport –, a campanha foi decepcionante. Os equatorianos só venceram na estreia, em casa, contra o Palmeiras por 3 a 2, empataram em casa com o Colo-Colo por 1 a 1 e perderam os demais jogos. A LDU foi lanterna da sua chave.

SUL-AMERICANA:

Para vencer a Sul-Americana de 2009, a LDU superou em mata-matas dois argentinos, um uruguaio e um brasileiro. Repetiu a estratégia de massacrar os adversários na altitude de Quito e segurar as pontas fora de casa. Contra Lanús, River Plate-URU e Fluminense, aplicou respectivamente goleadas de 4 a 1, 7 a 1 e 5 a 1. A exceção foi o Vélez, nas quartas, cujo empate por 1 a 1 em Quito obrigou a LDU a buscar a vitória por 2 a 1 na Argentina. Na finalíssima, foi goleado por 3 a 0 pelo Fluminense no Maracanã, mas os cariocas ficaram a um gol de levar a decisão para a prorrogação.

RECOPA:

Em meio ao inferno astral do Inter pós-Copa do Brasil, a LDU de Fossati venceu os dois jogos com autoridade. No Beira-Rio, bateu o campeão da Sul-Americana de 2008 por 1 a 0. Em Quito, a campeã da Libertadores de 2008 voltou a vencer por 3 a 0.

EQUATORIANO:

Depois de um bom Apertura (2º lugar), o time caiu de desempenho no Clausura, em que dividiu atenções com a Sul-Americana. Na penúltima etapa, quando as oito melhores equipes da fase de classificação se dividem em dois quadrangulares, a LDU ficou em segundo lugar no seu grupo e, fora da disputa do título, disputou uma vaga na pré-Libertadores contra o Emelec. Acabou derrotado por 1 a 0, resultado que levou Fossati a pedir demissão.

OUTRAS CAMPANHAS:

- Danubio-URU

(1997, 2001 e 2002)

Em sua primeira passagem pelo clube uruguaio, surpreendeu ao ser vice-campeão do Apertura e do Clausura. Conquistou o Toneio Clausura em 2002, mas perdeu o campeonato uruguaio para o Nacional (campeão do Clausura contra o do Apertura).

- Colón (2001-2002)

Comandou o argentino Colón no Apertura 2001, Clausura 2002 e Apertura 2002, quando foi substituído por Edgardo Bauza, mesmo técnico que o substituiu na LDU agora. Em 2002, saiu do time na 7ª rodada, após perder por 7 a 1 para o campeão, o Independiente. Na época, era equipe do volante Guiñazu.

- Cerro Porteño (1997)

Levou o Cerro a título do Apertura, mas perdeu para o Olímpia o campeonato paraguaio (campeão do Clausura contra o do Apertura).

- Peñarol (1996)

Foi campeão uruguaio em 1996.

- Uruguai (2004-2006)

Depois de ficar na 5ª posição no Eliminatórias, perdeu, nos pênaltis, a vaga na Copa da Alemanha para a Austrália na repescagem, nos pênaltis.

- Catar (2007-2008)

Restando seis rodadas para o encerramento das Eliminatórias, deixou a seleção do Oriente Médio para fazer uma cirurgia no estômago. Após a sua saída, o Catar perdeu cinco, empatou uma e ficou sem a vaga. Austrália e Japão foram os representantes do continente asiático classificados à Copa da África.

* Colaboraram Leonardo Oliveira e Leonel Chaves

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