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 | 11/11/2009 13h07min

Desempenho pífio fora de casa mudou discurso de Autuori no Grêmio

Direção confirmou saída do técnico no fim da manhã desta quarta

Ana Maria Acker  |  ana.acker@rbsonline.com.br

O técnico Paulo Autuori chegou ao Grêmio no dia 18 de maio, após o time ficar mais de um mês sob o comando do interino Marcelo Rospide. O treinador pretendia realizar um trabalho a longo prazo e voltar a viver o clima de cobranças e competitividade do futebol brasileiro. Não deu certo. Após muitas derrotas fora de casa, o Tricolor deu adeus à disputa pelo título brasileiro e ao G-4. O Al-Rayyan fez uma alta proposta e Autuori resolveu retornar ao Catar. Em 181 dias, o comandante foi mudando seu discurso sobre as possibilidades da equipe.

O clicEsportes separou trechos de entrevistas importantes do treinador. Confira:

Apresentação no Olímpico, em 18 de maio.

O técnico destacou que a história e a grandiosidade do Grêmio foram determinantes para ele acertar com o clube. Na chegada, já avisou que preferia o 4-4-2 em vez do 3-5-2 (esquema mais utilizado por Celso Roth no Tricolor).

– Não pode um clube estar refém de um profissional, ou técnico de futebol. Temos que ver a necessidade da equipe. Todos sabem que gosto do 4-4-2, é um esquema que dá mais variantes. O futebol brasileiro tem carência de laterais e meias – declarou.

A ideia de voltar a viver os desafios do futebol brasileiro também convenceram o profissional:

– É um desafio voltar ao Brasil, sair de uma zona de conforto total, tranquilidade, qualidade de vida, um futebol que não tem um nível competitivo como o daqui. Eu quero provar a mim mesmo que estou pronto para vir, ser questionado, chamado de burro de vez em quando.

Primeiro jogo - Grêmio 2x0 Botafogo, no Olímpico, em 24 de maio

O treinador comemorou a adaptação inicial da equipe aos seus preceitos, principalmente o posicionamento de Ruy e Fábio Santos:

– Estou fazendo ajuste para poder fazer isto com mais tranquilidade, sem mudanças radicais no sistema defensivo – declarou.

Autuori também lançou ideias dos jogadores que queria ver em sua equipe:

– Vou ser exigente que estas contratações preencham o perfil que a gente quer, e não só desportivo. Perfil psicológico também. Tem que ter tudo a ver com o espírito do Grêmio – projetou.

Primeiro jogo pelas semifinais Libertadores - Cruzeiro 3x1 Grêmio, no Mineirão, em 24 de junho

O comandante elogiou a luta, a entrega dos jogadores em campo. No entanto, lamentou as chances desperdiçadas no começo da partida:

– Jogamos para ganhar. Se nós jogarmos como aqui, acho perfeitamente possível recuperar dentro de casa. Fazia tempo que eu não via um jogo como este. Em que o time de fora perde a chance de definir o confronto logo no início – observou.

Segundo jogo pelas semifinais - Grêmio 2x2 Cruzeiro, no Olímpico, em 2 de julho

O Grêmio acabou caindo da Libertadores e Autuori reconheceu: a desclassificação passou pela derrota no Mineirão. A meta era recuperar o ânimo dos atletas para o Brasileirão.

– Para mim, justiça no futebol está no resultado final dos jogos. Uma equipe pode jogar mais do que a outra, mas não ser efetiva. Então vale o que está escrito no placar – salientou.

Goleada sobre o campeão da Copa do Brasil - Grêmio 3x0 Corinthians, no Olímpico, em 12 de julho

Entendimento dos conceitos, harmonia de movimentos foram alguns dos termos usados por Autuori para comentar a goleada sobre o Timão. O técnico elogiou a superação do grupo.

– Todo o dia a vida nos apresenta alguma coisa. E hoje foi a importância do grupo. Desde o início eu falo que é bom criar uma competitividade entre eles. Bons e maus momentos todos passam. Gerir pessoas não é fácil. Temos que entender porque as derrotas acontecem.

Gre-Nal dos 100 anos - Grêmio 2 x1 Inter, no Olímpico, em 19 de julho

Para o treinador, a vitória no Gre-Nal dos 100 anos passou pelo equilíbrio e marcação sem faltas:

– Nós estamos dando passos. Hoje o Grêmio foi uma equipe muito mais equilibrada dentro de campo. Não precisamos ficar fazendo faltas a todo o momento. Isto tem a ver com posicionamento defensivo do time. Isto é marcação para mim – reiterou.

O triunfo evidenciou quais eram os objetivos da equipe:

– O Grêmio deve sonhar pela história do clube. Nós, profissionais, temos que trabalhar muito para enriquecer ainda mais esta história. Nos últimos quatro jogos, conseguimos o número de pontos de um candidato ao título. O Grêmio tem obrigação de pensar sempre para cima – afirmou.

Empate com rival direto na briga pelo G-4 - Palmeiras 1x1 Grêmio, Palestra Itália, em 6 de agosto

O confronto com o líder Palmeiras daria a tônica das chances do time no Brasileirão. A luta era direta pelo G-4. O treinador salientou que o equilíbrio de forças foi determinante para o empate:

– O Souza e o Tcheco evitaram as subidas do Pierre e do Edmilson. O segundo tempo foi totalmente equilibrado. As duas defesas da noite foram do Marcos – enfatizou.

Vitória de goleada sobre o Flamengo - Grêmio 4x1 Flamengo, no Olímpico, em 16 de agosto

A grande estrela da goleada sobre o Flamengo de Adriano foi o goleiro Victor. O treinador reconheceu e salientou a eficiência do seu camisa 1.

– Eu reclamei de jogos que deixamos de ganhar fora de casa, quando o Victor sequer teve de intervir. É assim o futebol. Ele merece isso pelo profissional que é. Parabéns a ele, a vitória tem tudo a ver com ele. Parabéns também à base do Grêmio, que nos permite usar jovens como o Mário, o Bruno Collaço. Acho que é por aí o caminho – observou.

Única vitória fora de casa no Brasileirão - Náutico 0x2 Grêmio, nos Aflitos, em 13 de setembro

O triunfo animou a torcida. A primeira vitória fora poderia ser o começo de uma sequência positiva no Brasileirão. Autuori reiterou a confiança no grupo:

– A partir do momento em que os fantasmas começam, e são normais, você passa a fazer coisas que não são da característica da equipe. Eu comentei isso com os jogadores, é a força mental. Não temos que duvidar jamais que podemos – salientou.

– A equipe tem tudo, mas é muito cedo para dizer que as portas se abriram. Vamos enfrentar grandes adversários dentro de casa, e fora se tira um peso muito grande. Tomara que tenhamos outras vitórias – completou.

Grande goleada em casa - Grêmio 5x1 Fluminense, Olímpico, em 20 de setembro

A vitória sobre o lanterna animou - o Grêmio chegou à quinta colocação com 39 pontos e deu novas esperanças ao treinador. Havia sim como lutar pelo título.

– O grupo está concentrado e entendemos que a oportunidade está aparecendo. O Grêmio pode chegar ao título pelo aquilo que fizer, sem se preocupar com os outros. O campeonato está completamente aberto. Queremos o título, vamos ver se seremos capazes – afirmou.

Derrota fora para adversário direto - Goiás 2x1 Grêmio, Serra Dourada, em 27 de setembro

Se dentro de casa a força era grande, o panorama não havia mudado longe do Olímpico. Apesar da derrota, novamente Autuori elogiou a postura do time, sobretudo da defesa. O resultado passou pelo pouco aproveitamento das oportunidades:

– Criamos as jogadas e não concluímos. Jogamos com um adversário forte, em alta temperatura, e acho que nós deixamos fugir essa oportunidade. A equipe trabalhou bem a bola principalmente no primeiro tempo, e no segundo podíamos ter saído de novo na frente – analisou.

Derrota no Gre-Nal 378 - Inter 1x0 Grêmio, no Beira-Rio, em 25 de outubro

O goleiro Victor cometeu uma falha no chute de D'Alessandro. Para o técnico, isso determinou toda a partida. No entanto, ele reclamou de pouca efetividade ofensiva.

– Embora não mostrássemos eficiência ofensiva. Poderíamos ter explorado mais os lados do campo, mas fizemos o que tínhamos que fazer. Tomamos um gol cedo e isto determinou o placar final do jogo. Foi um jogo sem sustos – explicou.

Mesmo com a situação difícil para chegar ao G-4, Autuori não jogou a toalha:

– O campeonato está meio louco. É possível ainda chegar. Este negócio de não acreditar varia com a personalidade das pessoas. Temos que manter o grupo forte para os próximos jogos.

Tropeço fora que praticamente extinguiu as chances de chegar ao G-4 - Santo André 2x0 Grêmio, no Bruno José Daniel, em 1º de novembro

Nesse jogo, o discurso mudou. Paulo Autuori reconheceu de fato as deficiências da equipe e admitiu que o grupo precisava mudar o perfil para 2010:

– Precisamos mudar o perfil do grupo como um todo. Temos que trazer individualidades, jogadores com personalidade mais vitoriosa. Sobre a campanha dentro de casa, não podemos reclamar de nada. Conversamos com a direção sobre os jogadores que queremos, dentro da capacidade financeira do clube – enfatizou.

Última partida - Grêmio 1x1 São Paulo, no Olímpico, em 4 de novembro

O treinador destacou que nunca faltou atitude ao time, chances suficientes foram criadas pela equipe. Autuori não quis falar das especulações sobre a saída do Grêmio.

– Nada a falar sobre isso. Estou preocupado com o final do campeonato. Não permito que ninguém pense na frente antes da próxima temporada. Hoje, a equipe mostrou a dignidade que tem. Foi um primeiro tempo difícil, mas acertamos a marcação no segundo – contou.

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