| 07/09/2009 05h02min
Num intervalo de 10 horas, desfez-se a convicção de Paulo Autuori quanto à importância de Tcheco para o Grêmio. Às 11h de sexta-feira, em entrevista coletiva, o técnico havia assegurado que jamais cogitara iniciar o jogo contra o Vitória sem o meia, o mais antigo titular da equipe. Às 21h, na palestra de 40 minutos que antecedeu a partida, Autuori rasgou sua convicção em nome da necessidade de impedir os avanços de Apodi, lateral-direito da equipe baiana. Dentro de campo, o resultado revelou-se desastroso.
No início da tarde de sexta-feira, Tcheco seguiu para a concentração, no Hotel Deville, convencido de que jogaria. Baseava-se na observação do próprio técnico, segundo a qual não havia razão para modificar uma equipe “amplamente vitoriosa dentro de casa”. Saboreou essa certeza até a noite. Só percebeu que algo não ia bem quando Autuori, em meio a preleção, realizada na Sala Cambará, passou a exaltar as virtudes de Apodi e a necessidade de bloquear sua chegada à frente escalando dois
jogadores
velozes em seu setor. Minutos depois, Douglas Costa era anunciado como titular, para compor com Lúcio o lado esquerdo.
Tcheco não reagiu bem. Quando o time entrou em campo, sentou-se numa das cadeiras estofadas azuis destinadas aos reservas, fechou a cara e rechaçou as tentativas dos repórteres de entrevistá-lo. Passou quase todo o primeiro tempo sem falar com ninguém, com as duas mãos apoiando o queixo. Dali, ouviu os protestos dos torcedores pela sua ausência a cada jogada errada do time. Reclamações que subiram de tom quando o Vitória passou a assustar em contra-ataques.
Torcida pediu e Tcheco entrou aos 10 minutos da etapa final
Aos 40 minutos, o coro que pedia a sua entrada ganhou todos os setores do estádio. Numa trágica coincidência, um minuto depois o Vitória marcou seu gol, por Neto Berola, tirando proveito de falha de Réver e Marcelo Grohe.
Apesar das dificuldades, Autuori evitou modificações no
intervalo. Somente aos 10 minutos do segundo tempo, quando o Grêmio
não esboçava sinais de reação, mandou o massagista Zezinho chamar Tcheco, que realizava aquecimento atrás da goleira próxima à torcida Geral. Aos 12 minutos, vestindo a camisa 15, o capitão entrou em campo, no lugar de Douglas Costa. Junto com ele entrou Herrera, substituto de Perea. Aos 42, de um cruzamento rasante de Tcheco, saiu o gol de empate, marcado por Jonas.
– Tcheco sempre foi titular. Começar ou não é parte de uma estratégia – garantiu Autuori, depois da partida, sinalizando que a decisão de deixá-lo sentado no banco foi uma experiência que começou e se encerrou-se no sábado.
Tcheco evitou comentar a decisão do treinador. Mostrou coerência com a posição adotada dois dias antes, quando prometera não criar polêmica.
Como se trata de um jogador de prestígio, até o presidente foi convocado a opinar sobre o fato de não ter começado o jogo.
– O treinador tem o direito e a obrigação de dar mais velocidade ao time. Aprovei a
decisão. Senti que era uma convicção de Autuori. Mas
jogamos mal, escapamos de perder – reconheceu Duda Kroeff.
Depois da decepção com a decisão de ficar no banco nos primeiros 45 minutos, Tcheco entrou no segundo tempo e ajudou o Grêmio na busca do empate
Foto:
Daniel Marenco
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