| 04/09/2009 05h30min
Vinicius Rebello
Paulo Autuori pode ser acusado de tudo este ano, menos de falta de coragem. Nem de não buscar de forma incessante o caminho da vitória fora de casa, a fim de recolocar o Grêmio no caminho do G-4 e, sabe-se lá, até do título.
Esta decisão que se alinhava agora mesmo, de condenar o capitão Tcheco (foto) à reserva em favor de Douglas Costa no meio-campo. É uma ousadia. Isso, mais Mário Fernandes na zaga ao lado de Réver, Túlio na lateral-direita e a entrada de Fábio Rochemback como volante
é quase uma revolução.
Portanto, pode-se acusar Autuori de tudo desde a sua chegada ao Grêmio. Menos de se acomodar e não
tentar encontrar uma fórmula de equilibrar o time dentro e fora de casa, sempre buscando aprimorar a parte ofensiva.
A anunciada reserva de Tcheco é emblemática. Apesar de suas más atuações fora de casa, parecia tratar-se daqueles casos de jogador intocável: capitão, identificado com boa parte da torcida e de trajetória firmada no clube. Portanto, qualquer um pode sair do time — desde que não renda o esperado pelo treinador. Até Victor, o santo milagreiro. Se Victor sair do altar e descer até a planície dos infiéis, corre risco. Embora todos saibamos que isto é tão provável como Rubinho Barrichelo ser campeão da F-1.
Mas vale lembrar: não é o primeiro gesto de coragem de Autuori na tentativa de arrancar o máximo do grupo gremista. Conto pelo menos três desde a sua chegada a Porto Alegre.
Primeiro foi a troca do 3-5-2 para o 4-4-2. Era para ser uma mudança suave, em câmera lenta, mas lá pelas tantas Autuori
acelerou o processo. Tirou Rafael Marques, colocou
Túlio em seu lugar e adiantou Tcheco e Souza. No Olímpico, ao menos, tem funcionado. Depois, aprofundou a aposta nas categorias de base. Aí estão Mário Fernandes, Bruno Collaço, Douglas Costa e Pessali a comprovar. Os dois primeiros foram promovidos à condição de titular quando ninguém esperava. Autuori os viu treinando, gostou, e os colocou para jogar.
A reserva de Tcheco é a terceira revolução de Autuori no Grêmio.
Mais ainda porque ela está ligada ao ingresso de Douglas Costa na equipe, um jogador cuja utilização sempre esteve revestida de polêmica por conta das manchetes elogiosas dos jornais britânicos. Lá fora, badalado. Aqui, sem chance e alvo de cobranças demasiadas para um jovem de 18 anos.
O jogo do Grêmio contra o Vitória, no sábado, ganhou contornos futurísticos. Se a nova revolução de Autuori der certo, quem sabe não está aí a fórmula para a primeira vitória fora de casa no
campeonato?
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