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 | 03/09/2009 07h10min

Acúmulo de fracassos é o que atrapalha o Grêmio fora de casa

Especialistas da área da psicologia analisam situação da equipe no Brasileirão

Tatiana Lopes  |  tatiana.lopes@rbsonline.com.br

Todo mundo já tentou achar uma explicação para a situação que o Grêmio vive de não vencer fora de casa. Em 22 rodadas do Brasileirão, foram 11 jogos longe do Olímpico, com oito derrotas e três empates. Já em seus domínios, foram nove vitórias e dois empates. Por que toda essa diferença? Por que em casa o Grêmio é um time, e fora outro?

Já ouvimos opiniões de jogadores, do treinador, da direção. Elas variam entre força da torcida em casa, falta de sorte fora. E o discurso é que isso vai mudar e o Grêmio vai vencer longe do Olímpico. Para encontrar outras respostas para a situação enfrentada pela equipe tricolor, o clicEsportes conversou com especialistas na área da psicologia. Um dado apontado pelos dois entrevistados com mais ênfase é que a sequência de fracassos atrapalha a campanha.

– Perder, ganhar e empatar não é psicológico, é do jogo. Quando é uma, duas, eventualmente três vezes, é normal. Mas quando o time, até hoje, conseguiu no máximo empatar três fora, sendo um time como o Grêmio, não é normal, já é crônico. Isso sim é psicológico. Essa frequência de derrotas é algo significativo – acredita o psicólogo do esporte Benno Becker Júnior.

A psicóloga Flávia Duarte entende que o medo de perder, que pode acompanhar os jogadores nas partidas fora de casa, também prejudica.

– Claro que uma, duas, três, quatro, cinco derrotas, à medida que vai aumentando, vai fragilizando os jogadores, fazendo com que, cada vez que a equipe vai jogar fora, o temor da derrota seja muito maior do que a certeza da vitória. Eles pensam: E se a gente perder de novo? – comenta.

Benno Becker lembra que o técnico Paulo Autuori já declarou que o problema do Grêmio não é psicológico. O especialista diz que o comandante tricolor está certo em desviar o assunto. Porém, aconselha o clube a trabalhar essa situação.

– Tem que ter humildade para dizer que, quando é uma coisa repetitiva, tem que trabalhar alguma nessa área. O treinador disse que isso não é psicológico. O Autuori está certo em dizer isso. Se junto a tudo o que está acontecendo ele dizer que é psicológico, ele vai engrandecer ainda mais o problema. Ele tem é que trabalhar a parte técnica, física, como ele faz – diz ele, para completar: – Pra reverter tem que trabalhar a parte psicológica.

Flávia Duarte compara a situação do grupo gremista a problemas vividos por pessoas, em sua individualidade. Para ela, dentro de casa o Grêmio se sente seguro. Já fora, parece fragilizado.

– É como se dentro de casa tivesse apoio suficiente para se sentir grandão, para dar conta e conseguir a vitória. E fora, ele se despisse, ficasse desprotegido. É como uma pessoa: quando está perto de um lugar familiar e conhecido se sente fortalecido o suficiente para ir atrás de suas conquistas, e quando está fora fica mais fragilizado. Mas no caso acontece com o grupo todo – explica.

Para a psicóloga, o problema é o efeito dominó que isso pode causar.

– É um efeito dominó. Cada jogador vai se sentindo debilitado, vai se cobrando, e o time se cobra em geral. É pressão de fora e de dentro. A pressão assusta, é diferente de quando vai fazer alguma coisa com tranquilidade – opina.

A figura de um motivador para animar o grupo de jogadores, seria a solução? Benno Becker acredita que não.

– Não adianta chamar na quinta querendo que ganhe no domingo. Motivador é algo degradante para o treinador. Vai ter sucesso sempre? Não. Faz parte do jogo – diz.

A receita para o Grêmio sair dessa situação é mais ou menos a mesma na opinião dos dois profissionais. Na verdade, eles acreditam que os jogadores deveriam ter um acompanhamento psicológico desde a base, para que aprendessem a lidar com dificuldades desse tipo.

– O que tem que fazer é começar de baixo, nas categorias de base. Times organizados fazem isso, inclusive o próprio Grêmio. É para ter alternativas frente a situações de fracasso. Trabalhar técnicas comportamentais para que, em determinados momentos, não se precise chamar um psicólogo do esporte. Aí, quando chega lá em cima (na equipe principal), o sujeito já sabe trabalhar com essas alternativas – aconselha Benno Becker.

– É importante ter um trabalho dentro da equipe, um acompanhamento para os jogadores, não só voltado ao desempenho, mas atividades de acompanhamento, que podem ser feitas com um psicólogo do esporte. Quanto mais o Grêmio ficar em cima do desempenho e nessa cobrança, mais provavelmente vai se atrapalhar quando estiver fora. Podia haver uma atividade que relaxasse mais os jogadores, para eles se darem conta de que condições eles têm para vencer – opina Flávia Duarte.

 

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