Pode parecer maluquice, mas me parece um presente do destino o Inter enfrentar o Flamengo na Copa do Brasil. Melhor ainda com a primeira partida no Maracanã, onde dá para trazer alguns gols que valem por dois. Não que fosse melhor pegar o Fortaleza. Aí seria caso de internação. Explico.

Desde que o futebol é futebol e o Flamengo é o Flamengo, portanto há muito tempo, jogadores que vestem a camiseta preta e vermelha no Rio de Janeiro são tocados por uma espécie de magia. Podem até ser ruins, ou nem tão bons assim, mas saem tocando a bola, cabeça erguida, trotando e entabulando passes para lá e para cá.

É um estilo, que não começou com a geração de Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico; só para ficar do meio para frente. Desde sempre o Flamengo encarnou o jeito carioca de jogar. Assim como os italianos se defendem e os ingleses apostam na bola aérea, o Flamengo, qualquer Flamengo, joga e deixa jogar.

Nada poderia ser melhor para o Inter total do técnico Tite, um time que trabalha em função de seus atacantes. Nilmar e Taison (foto: Diego Vara, 06/05/2009) terão espaço de sobra para disparar em velocidade. Imagine um contrataque no Maracanã, onde o Flamengo vai à frente quase por osmose? D'Alessandro poderá meditar acerca do uso mais apropriado de sua canhota.

A única maneira de conter a movimentação frenética dos jogadores do Inter é operando marcação meia-pressão, talvez até pressão inteira, no campo todo. Pode ser que o Flamengo me desminta e, de uma hora para outra, desate a marcar feito os italianos na Copa de 2006. Mas não é este o seu perfil histórico.

Por isso, o Inter tem todas as chances de vencer não uma, mas as duas partidas das quartas de final. Mesmo sem Sandro e com Glaydson no Maracanã, o que é um perigo, o Inter só perde vaga na semifinal para si mesmo.

O destino colocou o Flamengo no caminho do Inter de muitos gols construído por Tite.


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