Após um período complicado de lesões, o goleiro Marcos retomou seu espaço no Palmeiras. No último dia 17 de março, fez 10 anos que o jogador virou titular do Verdão. Desde lá já são 422 jogos pelo clube. Aos 35 anos, o camisa 1 disse que vai renovar o contrato até o fim de 2011 com o time do Palestra Itália. No entanto, Marcos quer assumir os custos, caso se machuque novamente.

– Eu me incomodo muito com isso. A última cirurgia no braço eu queria pagar, mas não deixaram. Vou falar com o Toninho, se por acaso machucar, estipular uma certa quantidade de jogos por mês. Ainda vou pensar – destacou.

Confira a entrevista com Marcos:

Lancenet - Você passou momentos ruins e outros muitos bons. Hoje, a equipe lhe dá motivação?
Marcos - O time de hoje me anima. Não sei se vai ser campeão. Mas é um time com possibilidades. Nós podemos ganhar do Sport, chegar lá em Recife e brigar com eles. Podemos competir com São Paulo e Corinthians nas finais do Paulista também. Não sei se ganha, mas vai competir. Isso é muito importante para todo mundo. Você está em um time grande, então precisa ter condições de ganhar todo ano.

Lancenet - O Palmeiras ficou de 1999 a 2008 sem um grande título. A campanha do Paulistão no ano passado lhe deu novo ânimo?
Marcos - A hora que eu vi que chegou o Luxemburgo e entrou a Traffic, eu falei “opa”! Nós vivemos tempos sofridos. O Caio Júnior fez um grande trabalho antes, mas eram menos jogadores badalados antes. Hoje tem muita gente. Qualquer jogador que falar o cara vai comprar jornal para ler. Eu vejo um time competitivo, que tem chance de ganhar títulos e isso me deixa animado para trabalhar.

Lancenet - Você ficou fora de alguns jogos. Como está para as decisões, que começam em abril?
Marcos - No ano passado, o esquema de treinador era o mesmo. Saiu o Pracidelli e ficou o Fernando na preparação de goleiros. Agora a gente leva um tempo para se adaptar. É o Cantarele (novo treinador, desde janeiro). É claro que, jogando quarta e domingo, vou ter de segurar em algum jogo. Mas a gente não gosta de pedir para ficar fora. Quanto mais joga é melhor para o goleiro. Tem de estar sempre bem para não bater cabeça. Mas eu já me adaptei ao Cantarele. Ele viu que precisa aliviar no treinamento, com boa recuperação. Acho que até o fim do ano não terei nada de preocupante.

Lancenet - Sobre a equipe, ela é jovem. O Palmeiras vai segurar a pressão nas decisões a partir do dia 8?
Marcos - Eu tenho a mesma visão de vocês. A gente não sabe o que vai acontecer. O Wanderley sempre procura passar para a gente que eles joguem com felicidade e usem o que têm de melhor, sem medo de ter habilidade. Hoje com 23 anos já tem jogador experiente também. O Diego Souza é experiente. A gente não sabe o que vai acontecer. Mas tem tudo para dar certo. É um time que quando colocou pressão não se deu bem nesse ano. Mas não quer dizer que da próxima vez será assim. Esses dois jogos (derrotas para LDU e Colo Colo) serviram de experiência. Agora é só jogando para a gente ver.

Lancenet - A diretoria já chamou você para renovar seu contrato, que termina em dezembro. Você vai renovar?
Marcos - Claro que eu vou renovar. Mas quero pensar em umas cláusulas para discutir com o Toninho (Cecílio, gerente de futebol). Não quero roubar o Palmeiras. Eu me incomodo muito com isso. A última cirurgia no braço eu queria pagar, mas não deixaram. Vou falar com o Toninho, se por acaso machucar, estipular uma certa quantidade de jogos por mês. Ainda vou pensar.

Lancenet  - Vai ficar sem receber se por um acaso você se machucar então?
Marcos - Isso nem pode. Você tem contrato, é obrigado a pagar. É claro que não tem essa de ficar sem jogar e não receber. Vai que coloco a mão para não tomar um gol e me quebro? Aí não né (risos). Mas dá para colocar cláusulas que não prejudiquem o Palmeiras e nem a mim. Se machucar, cai um pouco o salário. Quero fazer isso com calma, para a diretoria ficar tranquila. Quero as duas partes felizes por mais dois anos de contrato aqui.

Lancenet  - Mas vai renovar, né?
Marcos - Ah, vou (risos). Vou parar agora? 35 anos é pouco para goleiro. Vou parar agora e fazer o que depois?

Lancenet - Sem mais lesões...
Marcos - Quebrei três vezes o braço em um ano. Eu achei que estava com osteoporose (risos). Achei que uma hora ia quebrar o pescoço e morrer (risos). Mas goleiro é muito choque. Você sai e vem cinco contra você. Às vezes você se choca. Tive muita contusão por fatalidade. Meu currículo é grande (risos). Eu poderia ser fisioterapeuta do Palmeiras, pois já ligo os aparelhos sozinho (risos).

Lancenet - Quebrou tudo já né, Marcão?!
Marcos - Já quebrei fíbula, tive problema de cartilagem no joelho, ossinho do pé, adutor, púbis, clavícula, punho, braço, já tomei cabeçada na cara. Mas sou pago e minha função é me jogar nos pés dos caras. Tirando a um tombo de moto, o resto foi tudo exercendo a minha posição. Uns têm menos sorte, outros têm mais.

Lancenet - Se um cara vem trombar com você hoje, a postura é outra?
Marcos - Eu penso que, se o cara tiver vindo forte, eu é que vou machucá-lo. Não fico mais no DM por causa dos outros. Hoje vem nego trombar e o outro aparece para fazer o gol. Se sobrar na reta, não recuo (risos).

Lancenet - Há alguma conquista que falta?
Marcos - Todas que eu participo. Estamos no Paulista, tem de querer ganhar. Na Libertadores, também. Quem se acomoda se ferra. Se o time tem a chance de ganhar, tem de brigar para conseguir o melhor sempre.