Crack nem pensar | 27/05/2009 14h07min
O crack chega ao cérebro de forma tão rápida e intensa que é capaz de transformar mecanismos do sistema cerebral. O crack bloqueia a absorção natural da dopamina, o neurotransmissor que emite a sensação de prazer. Com os neurônios encharcados da substância, surge uma sensação imensa de euforia. Quando o efeito passa, vem a urgência da repetição.
Como a dopamina é o principal regulador do sistema de prazer e recompensa, o crack vicia rapidamente, explica o psiquiatra Felix Kessler. Com o tempo de uso, como muita dopamina é colocada à disposição, suas reservas vão se esgotando. O cérebro se torna menos sensível à droga e a sensação de prazer é substituída por alucinações.
Outra consequência é que o usuário passa a não sentir prazer por outros aspectos da vida, como comida e sexo, explica o psiquiatra Celso Luís Cattani. Numa comparação simples, é como um elástico que, esticado além do limite, não volta mais ao normal. Essa falta de sensibilidade do sistema de recompensa
gera uma insatisfação em
relação à vida, distúrbio conhecido como anedonia. Na memória, sobra apenas a sensação de prazer gerada pela droga. Sem sentir prazer por nada, o usuário passa a viver em função da droga, ou fica mais propenso a recair no vício.
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