clicRBS
Nova busca - outros

Notícias

Crack nem pensar  | 26/05/2009 20h09min

Futuro apagado à bala

ENTREVISTA: Mãe de usuário há 18 anos

Nádia de Toni  |  nadia.detoni@pioneiro.com

O crack apagou à bala o futuro do filho da dona de casa Everly de Jesus Rodrigues, 45 anos. Viciado há cinco anos, Matheus Wilmsen, 17, foi morto a tiros em uma rua do bairro Planalto, em Caxias do Sul há três semanas. A suspeita é de que o crime tenha sido motivado pelos furtos que o rapaz cometia para comprar droga. O drama dessa família ilustra como o crack leva a violência para dentro das casas – 51% dos assassinatos em Caxias, de janeiro a março deste ano, têm relação com drogas.

Para saciar a fissura pela pedra, Matheus cometia delitos dentro e fora de casa. Do sabão em pó da mãe à TV do vizinho, ele tentava trocar qualquer coisa por pedras.

– Uma vez ele conseguiu vender até um pote de creme de cosmético que estava pela metade – resigna-se a mãe.

Desde que o crack batera à porta da família, a paz ficara do lado de fora. Internado e preso inúmeras vezes, Matheus sempre foi vencido pela pedra. Nunca trabalhou, nunca namorou e parou de estudar na 5ª série. Matheus viveu pela droga.

– Ele passava o dia todo procurando coisas para vender e fumar – revela Everly.

Matheus consumia, em média, 40 pedras por dia (custo de R$ 200), segundo a mãe. Nas crises de abstinência, o jovem se tornava tão agressivo que os estragos ainda permanecem na casa. Uma parede de madeira foi destruída e vidros de janelas ficaram quebrados. Sinais de tiros no teto e na geladeira são resquícios de ações policiais e cobranças de traficantes. Matheus foi morto quando tentava trocar um chapéu do padrasto por crack.

– É muito triste para uma mãe ter de recolher o corpo de um filho, mas, apesar da dor, sinto alívio. Acho que agora ficaremos todos em paz – revela Everly.

Depois de vivenciar tanta desgraça, Everly desabafa:

– Quantas pessoas ainda precisam morrer, 1 mil, 100 mil, para as autoridades encararem o problema do crack com mais seriedade? Quando investirão no combate ao tráfico e numa rede de tratamento químico com mais vagas e recursos? – questiona ela.

SÉRIE DO JORNAL PIONEIRO PUBLICADA EM ABRIL DE 2009

Comentários

solange leite

Denuncie este comentário24/04/2010 09:08

Até quando os Governantes do nosso país vão fechar os olhos pra essa doença? tenho um sobrinho na mesma situação,e ja não sabemos o que fazer,minha cunhada é doente,meu cunhado quer sair de casa,mas não saiu ainda porque se ele for embora o rapaz mata ela,a familia ja não sabe como agir se trazemos ele pra perto ele nos agride,nos rouba e meus cunhados se afastaram por conta das loucuras dele,meu cunhado ate intregou ele a policia foi visto ate na rede globo com o título"pai entrega filho a policia para que não morra"por favor se tiverem uma solução rem em contato,aqui é uma tia desesperada pra ajudar uma familia em desespero e separada pelo crack...


Thais Reder

Denuncie este comentário28/05/2009 15:40

Impressionante. Classificaria como mal do século!!!!!! na capital e agora chegano ao interior. Até nas cidades com poucos habitantes!! Uma tragédia! Precisamos agir!! Parabéns pela iniciativa

Roni Rigon  / 

Desde que o crack batera à porta da família, a paz ficara do lado de fora
Foto:  Roni Rigon


Comente esta matéria

Notícias Relacionadas

26/05/2009 19h26min
Crack motivou 51% dos assassinatos em Caxias até março
26/05/2009 19h16min
Recaída pela sexta vez
26/05/2009 19h05min
Empresa virou fumaça
26/05/2009 18h49min
"Meu filho trocou até as bonecas das filhas por crack"
26/05/2009 18h43min
O drama das famílias dos viciados em crack
26/05/2009 18h04min
Prostituição para comprar crack

Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS
© 2010 clicRBS.com.br ? Todos os direitos reservados.