Crack nem pensar | 26/05/2009 19h05min
Sandro, 33 anos, cresceu em uma família de classe média. Ele começou a usar drogas aos 12. Já teve uma empresa e situação financeira confortável. Perdeu tudo para o crack. Acaba de concluir o segundo tratamento para dependência química. Hoje, Sandro está em busca de emprego.
“Eu comecei a usar drogas porque quis, mas tive influência de amigos. Comecei com inalantes como benzina, em seguida conheci as boletas (comprimidos), a maconha, a cocaína. Foi uma escala. Em 1997 eu conheci o crack. O crack me derrubou muito rapidamente. No começo, a pedra causa prazer, mas depois tu te torna escravo. Tu nem sabe mais por que tá usando e fazendo todas as coisas para usar, como assaltar. Eu estava em situação praticamente de rua quando fui internado numa fazenda (terapêutica). Quando voltei à sociedade fiquei alguns meses de pé, mas aí recaí na cocaína. Minha família brigou comigo e eu saí de casa. Me mantive até 2008 entre altos e baixos. Nessa época eu tinha saído de Caxias, vivia em outra cidade.
Eu tinha um
estabelecimento comercial e uma situação financeira razoável. Mas aí, ano passado, eu tive uma forte recaída no crack. Em 40 dias botei tudo fora. Perdi meu negócio, vendi toda a mobília da casa, arrumei dívidas com traficantes. Se eu aparecer nessa cidade onde eu vivia provavelmente não tenha tempo de explicar nada: eles vão me matar. Eu peguei uma quantidade grande de crack e sumi. Na fissura, a gente acaba roubando do próprio traficante, o que é decretar a própria morte. Eu passei dias fumando alucinado, fugindo. Aí voltei a Caxias. Fiz um novo tratamento e estou desde dezembro (de 2008) sem usar droga. Tem sido difícil porque quando a gente entra em recuperação se desliga do mundo e dos problemas. Quando volta para a sociedade os problemas estão esperando. Mas dá pra resolver. Agora estou procurando emprego. Sei que vou viver em recuperação porque é uma doença incurável. Talvez, se eu achar que estou recuperado, eu pense que posso usar mais um pouquinho, né?”
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