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 | 08/06/2011 21h56min

Silas enumera os fatores que pesaram na decisão de trocar o Avaí pelo Al-Arabi

Treinador se despediu nesta quarta da Ressacada

Melissa Bulegon  |  melissa.bulegon@diario.com.br

Depois de 113 dias no cargo, o treinador Paulo Silas do Prado Pereira se despediu do Avaí pela segunda vez na carreira. Na última entrevista concedida na Ressacada  na tarde desta quarta-feira, dia 8, ele informou que três fatores foram cruciais na decisão de trocar o Leão pelo Al-Arabi, do Catar: a família, a carreira internacional e, em terceiro, a questão financeira. 

— Foi uma decisão difícil, mas muito pensada e sensata. Acho que ela não poderia ser diferente. A ideia em princípio não era essa. Não é o lado financeiro que está me fazendo ir. É importante sim, mas é o início de uma carreira internacional e a família vai junto, o que pesou muito também — declarou.

Silas comandou o Leão pela primeira vez em março de 2008 até novembro de 2009. Em sua segunda passagem, assumiu como treinador do Avaí no dia 16 de fevereiro. Foram 23 jogos e obteve nove vitórias, seis empates e oito derrotas. Foi um aproveitamento de 47,8%. O time marcou 40 gols e sofreu 35 gols.

Os jogadores que mais atuaram sob o seu comando foram: Cássio e Julinho (19 jogos), Renan, Marquinhos Gabriel, William e Marcinho Guerreiro (18 jogos), Marquinhos e Rafael Coelho (17 jogos). Nesse período, o artilheiro da equipe foi o atacante William, com 10 gols. Silas chegou à final do returno do Campeonato Catarinense e terminou em quarto lugar na classificação geral, além de levar o Avaí às semifinais da Copa do Brasil, pela primeira vez.

O treinador ainda não tem data para deixar Florianópolis. Primeiro ele quer se despedir dos amigos que fez na cidade. O embarque para o Catar será no dia 30. O Al-Arabi deverá viajar para a Europa para fazer pré-temporada. O campeonato começa em setembro.

Da comissão técnica do Leão, Silas levará apenas o seu irmão, o auxiliar Paulo Antônio Pereira. 

— O presidente me pediu para dessa vez não convidar o Emerson Buck (preparador físico) porque é uma peça importante aqui. Ele entendeu também. Quem sabe num futuro, desde que seja como foi agora, sem atrapalhar o clube, sem prejudicar o profissional — completa Silas.

Confira os principais trechos da entrevista:

Família

A instabilidade do futebol aqui no Brasil não permite a família estar junto. Estou praticamente cinco anos sem eles. Fiquei seis, sete meses no Grêmio, um mês no Flamengo, então se eu tivesse levado a família para esses lugares teria sido um problema muito grande

Questão financeira
É um contrato que é fora da realidade, não só do Brasil como de fora do país. conversei com muita gente, dirigentes, amigos, treinadores, que conseguiram tirar o coração de lado e falar de uma forma um pouco mais fria.

A campanha
Estou triste por não ter levado o Avaí à final da Copa do Brasil, contente por algumas campanhas, como o jogo do São Paulo, o do Botafogo, o contra o Figueirense no Scarpelli. Fico feliz de ter dado essa alegria ao torcedor juntamente com os atletas. Futuramente, se eu tiver que voltar para cá, gostaria de pegar o trabalho no começo. Esse ano a gente teve alguns contratempos. O nosso time ainda está em formação. Então com essa tristeza do torcedor pelos maus resultados, eu não sei se eles tolerariam mais cinco ou seis jogos para eu poder arrumar o time. E isso poderia ter causas maiores e prejudiciais tanto para o clube quanto para mim. Então olhando para esse contexto, de repente, era o momento exato de eu sair era agora.

O convite
Eu disse para os atletas brincando, mas com muita tristeza no coração que a culpa foi deles. Que se a gente não tivesse chegado nessa semifinal da Copa do Brasil nada disso teria acontecido. Não teria chamado a atenção do sheik do Al-Arabi. Nomes como Zico, Geninho foram cogitados, mas eles me preferiram para esse momento. Vamos agora encarar essa carreira internacional. Agradeço ao torcedor por ter me recebido de volta, ao presidente, ao Luiz Alberto, o Mauro Galvão, o Luciano, o doutor Nilton, que me apoiaram mesmo lá no fundo querendo que eu ficasse aqui.

O substituto
Tenho certeza que o próximo técnico que chegar aqui vai encontrar não só um clube estruturado como também um time já com perspectiva de progresso para esse Brasileiro. O campeonato agora está só começando, tem tudo pela frente, pelo caráter que esses atletas têm, pela forma que o Avaí conduz e pela qualidade dos atletas que estão aqui e os que ainda vão chegar, eu não tenho dúvida que o Avaí fica de novo na Série A este ano e vai continuar crescendo e sendo um clube que vende atletas e que exporta treinadores também.

Avaí na final da Copa do Brasil
Se o Avaí estivesse na final da Copa do Brasil, talvez aí a proposta financeira fosse em primeiro lugar. Talvez eles fossem oferecer o dobro ou o triplo do que estão oferecendo. Quando tem que acontecer, acontece. Estou com a consciência tranquila porque chegamos num consenso de que seria uma irresponsabilidade não aceitar uma proposta dessas num momento como esse. Pela família, pela carreira internacional e pela questão financeira.

Jogadores do Avaí no Al-Arabi
Tudo daqui para a frente entre o Avaí e o técnico Silas vai passar primeiro pelo presidente e pela direção. Não vai haver nada que possa prejudicar. Se for alguma coisa que o Avaí diga que quer pode se tentar, senão não vai nem se cogitar, nem ser falado. Os boatos anteriores que eu quis tirar jogadores não vão acontecer de novo porque a gente não vai permitir isso.

O clube
É um clube que anda nos pés no chão, mas que sem sombra de dúvidas está crescendo muito e talvez por isso o torcedor tenha uma exigência maior e o adversário tenha um respeito maior pelo Avaí, que é o que tem acontecido ultimamente. Ninguém vem aqui e diz que está com os três pontos garantidos. O Avaí está indo para o seu terceiro ano na Série A e já é muito respeitado. E isso logicamente traz problemas porque os clubes se preparam muito mais para enfrentar o Avaí.

O adeus
Por enquanto não caiu a ficha ainda não. Não é uma história simples, nem é deixar qualquer clube. E até proque eu não vim para deixar o Avaí. Eu vim para ficar mas, como eu disse, a culpa é dos atletas que fizeram essa campanha aí e chamou a atenção desses caras e surgiu essa oportunidade. Mas como é para melhorar então eu acho que a gente tem que encarar. Não vai ser fácil, mas a gente tem que encarar. São três anos e meio de carreira como técnico e estou vivenciando uma situação dessas. Devo tudo isso a este clube. Deixar Florianópolis não é tão difícil, mas deixar o Avaí sim é muito mais difícil.

A mensagem para os jogadores
Afetivamente criamos um vínculo muito forte porque transformamos esse ambiente de trabalho em família. Eu disse que quando você planta um pensamento positivo, você colhe uma ação positiva. quando você semeia uma ação positiva, você colhe um hábito positivo. Quando você semeia um hábito positivo aquilo começa a fazer parte do teu caráter. E quando você semeia o caráter no caráter, você colhe no destino. Então o destino quem decide é você. Eu disse isso para eles: sai daqui, levanta a cabeça, sorriso no rosto, olha para frente, para cima, e a imprensa estará filmando vocês lá. Treina, como se fosse o último treino, porque a primeira vitória não começou hoje. Começou segunda-feira. E eu tenho certeza que ela vai acontecer. Que destes cinco primeiros jogos, só contra o Atlético-MG a gente vê como um tropeço porque Flamengo, Santos e Palmeiras fora são jogos que você pode ganhar ou perder. Contra o Atlético-MG foi um contratempo pelas circunstâncias. A primeira final é contra o América. Ganhando esse jogo as coisas começam a se normalizar.

A mensagem para a torcida
O torcedor também está triste. Aqueles que gostam muito de mim seguramente estão tão tristes quanto eu, e aqueles que estão um pouco mais chateados por esses últimos resultados de repente estão achando que até é uma boa eu sair. Mas um beijo no coração de todos eles. 



                    

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