| 30/03/2011 08h16min
Morreu um pedaço do Grêmio, mas morreu junto uma porção enorme da gentileza e da grandeza do futebol gaúcho. Por isso Fernando Carvalho, o maior dirigente da história do Inter, o eterno rival, suspirou profundamente ao saber da morte de Rudi Armin Petry.
Suspirou, lembrou de um episódio emblemático para mostrar a dimensão do criador da expressão "assunto de economia interna", usada para preservar a imagem pública do Grêmio diante de questões menores, e encheu os olhos de lágrimas.
Fernando Carvalho chorou porque Petry era o seu modelo de dirigente.
Carvalho queria a mesma gentileza, o mesmo discernimento para não entrar em brigas desnecessárias e buscar o consenso, de modo a ser o ponto de equilíbrio quando a política miúda alcançasse níveis internos insuportáveis. Dizia isso publicamente: o perfil, o modelo, a inspiração para se mover pelos sinuosos caminhos do futebol ele buscava em Seu Petry.
Os dois nunca haviam se falado até o telefone de Carvalho tocar, há 20 dias.
Era a voz da inspiração, que ontem calou-se.
Conversaram por alguns minutos. Trocaram elogios, e amenidades até Seu Petry agradecer a homenagem pública que Carvalho fez repetidas vezes com uma frase comovente. Uma frase capaz de mostrar quem era o homem que ontem deixou o futebol gaúcho menor, bem menor:
— Queria lhe dizer que, se eu fosse dirigente nos dias de hoje, gostaria de agir como tu ages: tu é que serias o meu modelo.
— Estou triste — resumiu Fernando Carvalho ontem, ao lembrar, emocionado, de sua única conversa com o ídolo, quando liguei para avisá-lo da morte de um de seus mestres.
O futebol gaúcho, colorados e gremistas, estão tristes como a morte do Seu Petry.
Porque gentileza e grandeza desportiva não têm cor clubística, como Rudi Armin Petry ensinou durante uma vida inteira dedicado ao seu Grêmio.
ZERO HORA
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