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 | 26/11/2010 09h29min

Caipira de Jaú, Edu virou príncipe na Espanha

Não fosse a confiança do pai, atacante estaria fabricando calçados

Christiane Matos  |  christiane.matos@diariogaucho.com.br

Se a resposta do teste no XV de Novembro de Jaú demorasse um pouco mais, talvez Edu fosse trabalhar numa fábrica de calçados, no interior de São Paulo, em vez de jogar futebol. O talento do guri com a redonda, desde os primeiros chutes em meio à plantação de cana, porém, não passou despercebido.

Não à toa, ele brilhou, por nove anos, no futebol espanhol, onde ganhou o apelido de el Príncipe (o Príncipe).

– Foi uma infância bem sofrida. Morava em uma fazenda, era bem caipira. Meu pai era o motorista do caminhão que levava a cana para a usina – relata o atacante, que disputava o campeonato rural pelo Independência – “o melhor time”.

Da fazenda para a cidade grande

Apesar das dificuldades financeiras, o pai, Luiz Carlos apostou no filho. Quando Edu tinha nove anos, a Fazenda Tucumã, onde sua família morava, faliu. Sem teto nem emprego para manter a família, Luiz Carlos, a mulher, Maria Helena, e os filhos Silvana, Luciana, Douglas e Edu rumaram para a “cidade grande” (Jaú) tentar reconstruir a vida.

– Tivemos de vender nossas coisas para comprar uma casa e ter o que comer – lembra.

Duas boas novas de uma só vez

Para ajudar na renda familiar, as irmãs trabalhavam em uma fábrica de calçados. Além de estudar e bater uma bolinha nos campeonatos, o menino almejava o mesmo emprego das irmãs:

– Quando a fábrica me chamou, passei no teste do XV de Jaú. Mesmo sem condições, meu pai bancou. Se demorasse mais um pouco, poderia ter sido tudo diferente.

Apoio familiar é fundamental

Depois de conquistar dois Paulistões pelo São Paulo e jogar as Olímpiadas de Sydney, em 2000, Edu foi para o Celta de Vigo, da Espanha.

Foi no Real Betis, entretanto, que o atacante estourou. Ao lado de Ricardo Oliveira (São Paulo) e Joaquín Sánchez (Valencia/Esp), formou o “tridente mortal”. Na Espanha, Edu era rei – ou melhor, príncipe, como era chamado – e tinha a fama de fazer gols decisivos. O desejo de ser campeão no Brasil, depois de nove anos na Europa, fizeram-no voltar.

Em um ano e meio no Beira-Rio, porém, não se firmou titular. Acredita ter recebido poucas chances.

– Em todos os clubes que passei, tive sucesso. Ficar de fora, sem nem ser relacionado foi muito difícil. Chegava em casa e chorava sem saber o porquê – revela o atacante, que sobrou do banco na final da Libertadores.

Para superar o momento difícil no Inter, Edu teve muito apoio da família: a mulher, Fabiana, e as filhas, Camila, oito anos, e Gabriela, três.

– Não fosse a fé, não aguentaria o que passei aqui. Não quero ficar numa situação assim. Vou para o Mundial para jogar e ser decisivo! – garante.

Gabiru? Por que não?

Em muitas “profecias” de torcedores, Edu aparece fazendo o gol do título Mundial. Ele prefere evitar comparações com Gabiru, autor do gol de 2006, até por ter uma trajetória totalmente diferente na carreira. A torcida, porém, acredita numa possível coincidência, já que, assim como Gabiru no Japão, Edu será reserva em Abu Dhabi. Assim, se for para levantar o caneco, Edu aceita qualquer equiparação:

– Se isso acontecer, será positivo, pois o Inter seria o campeão. Claro que todo mundo pensa em ajudar e fazer o gol!

CONHEÇA MAIS DO ÍDOLO
Nome: Luís Eduardo Schmidt
- Data e local de nascimento: 10/1/1979, em Jaú (SP)
- Comida preferida: massa
- Novela preferida: “Quando morava na Espanha assisti à Cabocla e gostei muito.”
- Último livro que leu: “A Cabana, de William Young, e a Bíblia, que leio diariamente.”
- Jogo inesquecível: Betis 3x2 Barcelona. “No primeiro tempo, tomamos um chocolate, e no segundo, viramos, com dois gols meus.”
- Onde passa as férias: “Gosto de ficar uma semana na praia e o restante com a família.”
- Ídolo na vida e por que: “Meu pai, Luiz Carlos, que sempre foi um exemplo de luta, sacrifício e trabalho.”
- Ídolo no futebol: Raí, meia. “Era são-paulino e o tinha como ídolo. De 1998 a 2000 joguei com ele e comprovei que, além de grande jogador, é uma grande pessoa.”
- Se não fosse jogador de futebol, seria? Técnico em Eletrônica
- Grau de escolaridade: ensino médio incompleto
- Pior situação por que passou em campo: “O descenso com o Betis, da Espanha, em 2009.”
- Música preferida: Uma Nova História, de Fernandinho (religioso)

CLICESPORTES
Fernando Gomes / 

Dedicação nos jogos e treinos chega ao nível máximo
Foto:  Fernando Gomes


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