| 19/11/2010 21h42min
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A renovação do técnico Renato, anunciada nesta sexta-feira, foi um processo longo, marcado por declarações fortes e renegociação salarial. As tratativas, aceleradas pela ascensão do time no Campeonato Brasileiro, começaram dois meses antes do fim do contrato com o Grêmio.
A primeira reunião entre a nova diretoria e o treinador ocorreu no dia 25 de outubro, logo após o empate com o Inter no Olímpico. Naquele momento, não houve discussão de valores. Era apenas o início das negociações, descrito assim por Renato:
— A ideia é fazer um contrato comigo por dois anos, e gostariam que eu fosse técnico na inauguração da Arena, que eu acho um projeto maravilhoso. Mas o futebol é ingrato, ninguém pode falar o que vai acontecer em um, dois anos. Não importa o tempo de contrato, o importante é que eu acerte.
A nova gestão considerou a renovação do técnico a sua prioridade:
— Nossa primeira contratação é o Renato — afirmou o futuro assessor de futebol, Antônio Vicente Martins, após o encontro.
O primeiro percalço
A boa vontade das duas partes não previa declarações contundentes do técnico ao fim do confronto com o Goiás, no Serra Dourada. Na ocasião, Renato solicitou que a nova gestão não comentasse a respeito de renovações e contratações.
Foto: Tatiana Lopes
— Nada vai atrapalhar a caminhada do Grêmio. Quem está falando muito vai calar a boca. Se gosta do Grêmio, tem que dar as mãos, e isso é um aviso para todo mundo. Tem que deixar a vaidade de lado e pensar no Grêmio, que é o mais importante. Não tem que se falar em contratações, em saídas. O jogador que está aqui pode desanimar. Quem gosta do Grêmio fecha a boca. Eu estou pedindo — declarou.
Um dia depois, Vicente condenou a fala do treinador:
— Não achamos adequada a manifestação do técnico. Até porque a única manifestação da nova diretoria de futebol em relação a reforços foi sobre a própria renovação do treinador. A única coisa que falamos foi demonstrando a vontade da permanência do Renato. Quem dirige o clube é o dirigente. Quem treina, quem escala, é o treinador.
Apesar do desentendimento, uma reunião no dia 5 de novembro pareceu reencaminhar clube e técnico a um enlace. Naquele dia, o Grêmio entregou a primeira proposta oficial. A conversa com o procurador do ídolo de 1983 deixou Vicente otimista:
— Não temos pressa, ele tem o tempo que precisar para responder — disse o dirigente.
O segundo entrave
Apesar de reiterar o desejo da permanência, Renato não ficou satisfeito com a oferta inicial. Na semana seguinte, mandou novo recado aos dirigentes:
— O barato custa caro — alertou o técnico. — O Grêmio já teve outros exemplos. Para bom entendedor...
A nova diretoria captou logo a mensagem. Na reunião seguinte, na última terça-feira, Odone previu o acerto até o fim da semana:
— O salário dele é padrão de treinadores top. Ele tem que ser tratado nesse nível. Gostaria que ele ficasse pelo menos dois anos, até porque tem o lançamento da Arena. Até surgiu na reunião o assunto: lembramos que no dia 11 de dezembro o Grêmio conquistou o título Mundial, com ele jogando. E nós queremos isso de novo, o Mundial.
Na quinta-feira, torcedores levaram uma faixa para sensibilizar o treinador. Nela, lia-se a frase "Fica, Renato".
Foto: Tatiana Lopes.
A solução
Mas o coração — e o bolso — do técnico já havia sido atingido. Pouco antes das 19h desta sexta, Paulo Odone e Vicente Martins anunciaram, ao lado de Renato, a renovação do contrato. Um detalhe enfatizado foi a ausência de cláusula de rescisão e de prazo de duração para a união entre o clube e o treinador.
— Por ser gremista, não coloquei cláusula. O carinho que tenho pelo Grêmio e vice-versa. Se um dia o Grêmio achar que eu tenho que sair, vou sair numa boa. Não vou tirar um dinheiro do clube que eu gosto — afirmou o técnico.
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