| 21/08/2010 21h31min
Vendo o Ceará ganhar do jeito que ganhou em Fortaleza, me convenci do seguinte: depois de banqueiro, o melhor emprego do mundo é ser volante contra o Grêmio.
De todos os problemas do time do técnico Renato Portaluppi, há um principal. Talvez seja o mais grave, o deflagrador de todas as outras deficiências defensivas.
Os zagueiros Rafael Marques e Ozeia estão mesmo abaixo da crítica individualmente, mas ficariam menos expostos e errariam menos se Douglas e Souza ajudassem a marcar.
Chega a ser uma afronta a ausência dos dois meias no momento em que o Grêmio perde a bola. Neste sábado, o centromédio Michel parecia Zidane. E Michel é apenas Michel, do Ceará, como se sabe. Mas jogando sem ninguém por perto, parecia um craque.
É uma conta matemática. Sem a bola, o adversário fica com dois jogadores a mais no meio-campo: os volantes avançam e trocam passes com a tranqüilidade de monges tibetanos.
Willian Magrão e Ferdinando foram mal e erraram passes, mas tiveram o seu desempenho prejudicado por Douglas e Souza. Como estes dois não ajudavam a marcar, Magrão e Ferdinando tinham que carregá-los nas costas na hora de recuperar a bola. A conseqüência é óbvia: não raro, estavam fora do lugar ou chegavam atrasados na hora do desarme. Todo o sistema defensivo restava prejudicado.
Sempre defendi o talento de Douglas. Não entendo que meias precisem dar carrinhos e nem que a solução do Grêmio seja encher o time de volantes. Mas há um limite. Sair de campo caminhando com aquela displicência, como fez Douglas ao ser substituído é inaceitável. O Grêmio talvez deva cogitar uma advertência a ele.
Talvez esteja aí o primeiro problema a ser enfrentado por Renato para evitar vexames como o de perder para o Ceará por 2 a 1 atuando sem ambição no segundo tempo: volante do time adversário não pode ter vida mais fácil que banqueiro. É moleza demais.
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