| 14/08/2010 16h10min
A lembrança é de um leitor atento.
Jacques Salles, obviamente colorado, está preocupado com um adversário invisível que, se entrar em campo, tem força suficiente para azedar os planos de reconquista vermelha da América: a soberba.
São tantos os exemplos que chega a ser assustador como eles se repetem. A reincidência do "já ganhou" se dá apesar do discurso de respeito ao adversário, de que nada está ganho, aquela ladainha para ocasiões como a vivida pelo Inter agora, quando um empate em casa basta para tocar o nirvana.
Ouvi vários exemplos de vacinação contra o salto alto.
O do próprio Inter contra o Estudiantes na final da Sul-Americana, quando a vitória lá indicava taça no armário entre bocejos aqui, mas o sofrimento só terminou na prorrogação, após derrota no tempo normal. Contra o São Paulo, na final de 2006, o triunfo no Morumbi não impediu o jogo para cardíacos nos minutos finais daquele empate em 2 a 2 no Beira-Rio.
Mas o exemplo do atento leitor de No Ataque é o melhor.
Em 2001, o imponente Boca Juniors igualmente venceu um mexicano fora de casa por 1 a 0 no jogo de ida. E venceu passeando, como o Inter diante do Chivas. Campeão no anterior, o Boca de Carlos Bianchi era uma máquina de moer carne.
Em Buenos Aires, o jornal Olé arrostou um "La mano en la taça" de título. Pois o Cruz Azul ganhou de 1 a 0 na volta, calou a Bombonera e levou a final para a prorrogação. Só os pênaltis salvaram o Boca da tragédia.
Celso Roth deve ter pensado em várias doses de vacina anti-soberba já na viagem de volta ao Brasil. Ele, mais do que ninguém, jamais se perdoará se lhe escapar a chance única de revolucionar a carreira, exorcizando o rótulo de perdedor.
Se Roth não lembrou deste episódio do Boca, vale a advertência.
Se o vírus da soberba quase matou o Boca na aparentemente invencível Bombonera, não custa o Inter se vacinar contra ele no posto de saúde mais próximo.
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