| 02/08/2010 23h18min
O novo técnico da Seleção Brasileira Mano Menezes participou, na noite desta segunda-feira, do programa Bem, Amigos!, no SPORTV. Durante a conversa, o gaúcho de Passo de Sobrado falou sobre sua vida pessoal, carreira e objetivos agora que está no comando da seleção de futebol mais vitoriosa do planeta.
Depois de uma Copa do Mundo onde a Seleção Brasileira foi severamente criticada pelo estilo de jogo adotado pelo time treinado por Dunga, Mano Menezes promete resgatar o verdadeiro futebol brasileiro. Com a qualidade dos jogadores nascidos no país, o técnico entende que dois esquemas podem ser adotados:
– Os melhores esquemas atualmente são o 4-3-3 e o 4-2-3-1. Não gosto de jogar com três zagueiros. Este sistema obriga os alas a jogarem muito adiantado. O futebol brasileiro se organiza melhor em campo de outras maneiras. Você pode revezar um esquema com três meias, como a Alemanha e a Espanha. Acho que temos condições de jogar assim hoje – disse Mano Menezes.
O treinador lembrou que outras equipes mostraram no último Mundial um estilo de jogo mais parecido com o brasileiro do que o time de Dunga.
– O Brasil tem uma marca própria. Respeitei muito quando o Parreira disse (em 1994) que havia 24 anos que não ganhávamos e que era preciso mudar. Mudamos, ganhamos e isso foi muito importante. Em 2002, vencemos de novo. Agora, não conseguimos vencer. O mundo está mais parecido com nosso futebol de antes do que nós mesmos.
Santos como referência
Mano utilizará como referência o Santos, campeão paulista deste ano, para formar inicialmente sua equipe. Quatro jogadores do time da Vila foram convocados para o próximo amistoso da Seleção, no dia 10, contra os Estados Unidos, em Nova Jersey: Paulo Henrique Ganso, Neymar, Robinho e André.
– Acho que o Santos jogou o melhor futebol do Brasil no primeiro semestre. Você se baseia em algo concreto para se ter uma ideia inicial. Individualmente, os jogadores do Santos são muito bons. Vemos nesses jogadores isso, até porque são muito jovens. Então, vamos utilizar essa base do Santos nessa nossa primeira forma de jogar – disse.
Critérios para convocação
Mano utilizará critérios diferentes de Dunga na seleção de seus jogadores: o novo técnico irá priorizar o talento de seus comandados. Inclusive, deixou nas entrelinhas que, se estivesse no lugar do antecessor, levaria Paulo Henrique Ganso e Neymar para o último Mundial.
– Os critérios são amplos. Comprometimento é importante. Não se pode ter alguém que não esteja comprometido com aquilo. Mas isso não pode ser mais importante do que a equipe. A cada seis meses, o futebol brasileiro faz alguém capaz de nos surpreender. Ganso e Neymar, no ano passado, não estavam tão bem. Esse ano, estouraram. Você tem de estar preparado para receber uma situação como essa. Temos de ter regulamento, disciplina. Mas o futebol é a parte mais importante – disse.
Sandro deve ser titular contra os EUA
O treinador deu a entender que o volante Sandro, do Inter, será o titular de sua equipe no amistoso contra os Estados Unidos:
– O Elias é mais segundo ou terceiro homem de meio de campo. Hernanes é mais segundo. Ramires é mais segundo. Posso perder Sandro ou Hernanes. Se perco Hernanes e trago Elias, tudo bem. Mas, se perco Sandro, não posso colocar o Elias. O Jucilei eu posso – explicou Mano.
O "não" à convocação
Após a convocação feita para o amistoso contra os americanos, Mano revelou que um jogador havia recusado a convocação. Especulações diziam que se tratava de um atleta que tinha participado do Mundial da África, mas o técnico garante que este atleta não fez parte do grupo de Dunga:
– Não foi o (goleiro) Julio Cesar nem nenhum jogador que disputou a Copa. Nem disse que queria convocá-lo. Fiz consulta a vários jogadores. Ele disse que teve uma lesão, estava voltando e ainda não tinha iniciado a pré-temporada – afirmou Mano.
O técnico ressaltou ainda que o jogador em questão não deixará de ter chances na Seleção por conta da negativa. Pelo contrário: ele ganhou pontos com tamanha honestidade.
– Temos de parar com isso e acreditar no tom normal da coisa. É uma opinião que me vale muito, pois foi muito honesta – disse.
Mano não quis revelar quem seria este jogador, mas é bom lembrar que Anderson, ex-Grêmio, vive esta situação, já que está retornando de uma operação no joelho.
A Batalha dos Aflitos
Mesmo com um dos cargos mais importantes do Brasil, campeão brasileiro por um dos clubes mais populares do país, a conquista da Série B pelo Grêmio não sairá da cabeça de Mano Menezes.
– Sem dúvida que a Batalha dos Aflitos vai ficar marcado pro resto da minha vida. Nunca vou viver algo como aquilo. Aprendi muito naquela partida. O respeito ao adversário foi meu maior aprendizado com a partida nos Aflitos. Me coloco do outro lado. Foi maravilhoso para nós, mas deve ter sido duro para o outro lado. É só ver o rumo que as carreiras dos jogadores tomaram depois daquilo. Isto tem um significado marcante pra mim. Me ensinou muita coisa na vida.
Neymar deve evitar a cavadinha
Mano Menezes recomendou Neymar a evitar a "cavadinha" em cobranças de pênalti. O atacante santista desperdiçou uma penalidade na vitória por 2 a 0 sobre o Vitória, na semana passada, pelo jogo de ida da decisão da Copa do Brasil.
– O que penso é simples: quando dá certo é maravilhoso, mas, quando dá errado, é muito pesado para o jogador. Então, ele deve evitar. Mesmo que tenha talento para fazer, não deve correr o risco, pois este é muito grande – afirmou o treinador ao SporTV.
Anos de preparação para o 'sim' à Seleção
Muricy Ramalho foi o primeiro convidado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a ser o técnico da Seleção no Mundial de 2014. O treinador não pôde aceitar a proposta por conta de seu compromisso com o Fluminense. Mano Menezes, no entanto, não hesitou diante da oferta - e, inclusive, vinha se preparando para isso.
– Não pensava de modo tão objetivo (em assumir a Seleção). Mas sempre procurei me conduzir como treinador para que, se recebesse o convite, dissesse sim. Respeito o posicionamento de todos os profissionais – disse nesta segunda-feira ao canal SporTV.
Mano lembrou que, quando estava no Caxias (RS) e assumiu o comando do Grêmio em 2005, teve atitude semelhante.
– Mas, muitas vezes antes daquela, não quis receber o convite do Grêmio, por achar que não era o momento – revelou o treinador.
Diante dos rumores de que o projeto apresentado pela CBF não teria agradado a Muricy, Mano se disse satisfeito com o que lhe foi oferecido:
– Não foi colocado nenhum porém que prejudicasse o trabalho do técnico. É um projeto mais amplo para o futebol brasileiro.
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