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 | 29/07/2010 19h10min

Mesmo com veto do Estatuto do Torcedor, cambistas vendem ingressos acima do preço no Beira-Rio

Ninguém foi preso nas imediações do estádio durante o jogo pela Libertadores

Carlos Guilherme Ferreira

Nenhum cambista foi flagrado pelo Procon ou preso pela Brigada Militar em Inter x São Paulo, na quarta-feira, primeiro dia de validade do novo Estatuto do Torcedor. A legislação agora proíbe ágio na venda de ingressos, mas esta foi uma prática comum no entorno do Beira-Rio.

Uma cadeira era oferecida por R$ 300 no pátio do estádio, com direito a negociação.

— Faço duas por R$ 250, cada — propôs o cambista, um homem na faixa dos 40 anos vestido com uma camiseta polo listrada.

A cadeira em questão era um ingresso de divulgação. Não parecia falso: estavam gravados na face o jogo correto, com data e horário, além da inscrição " venda proibida" na parte inferior. O vendedor garantiu que havia pago R$ 200 pela entrada, e afirmou dispor de mais, caso necessário. Ofereceu um telefone para contato.

Foi o primeiro cambista identificado pela reportagem de ZH em um giro de 20 minutos ao redor do estádio. As abordagens sempre partiram dos cambistas, como aconteceu perto do Gigantinho. Um homem com cerca de 25 anos e moletom de grife oferecia lugar na arquibancada superior a R$ 150.

Mas o pagamento só seria feito dentro do estádio. Porque, explicou, a entrada seria na companhia de alguém com uma carteirinha pertencente a um sócio que não foi ao Beira-Rio. A pessoa passaria pela catraca e, aí, devolveria a carteirinha para que o comprador. Só então os R$ 150 seriam pagos.

Se fosse mulher, o esquema custaria R$ 170.

— Só tenho duas para mulheres — esclareceu o cambista.

A conversa aconteceu a menos de 50 metros de onde estavam parados fiscais com jalecos do Procon. Em nenhum momento o cambista procurou discrição. Aliás, outro homem andava em círculos, no mesmo local, disparando em voz alta:

— Ingresso, ingresso!

O novo Estatuto do Torcedor, sancionado na terça-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevê até prisão para quem trabalhar como cambista. E, na partida de ontem, sequer houve venda de ingressos devido ao número de sócios do Inter.

Conforme o diretor executivo do Procon da Capital, Omar Ferri Jr., havia sete fiscais trabalhando no Beira-Rio. Ele prevê nova ação no domingo, no Gre-Nal, e admite dificuldade em identificar os cambistas, agora à paisana. Mas pede ajuda aos torcedores:

— Se não existe comprador, não existe vendedor.

Os soldados da Brigada Militar também receberam orientação para prender cambistas, segundo informou o comandante do Comando de Policiamento da Capital, Coronel Batista. Foram registradas cinco ocorrências em Inter x São Paulo: quatro por porte de entorpecentes e uma por desacato.

Confira a chegada da torcida ao Beira-Rio para o primeiro jogo, em time lapse:

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