| 20/07/2010 05h03min
É também dos jogadores, e não apenas do técnico Silas, a responsabilidade pelo momento difícil do Grêmio, avalia o presidente Duda Kroeff. Ele não descarta fazer uma cobrança ao grupo, como ocorreu após a derrota para o Pelotas, que impediu o Grêmio de chegar à decisão do segundo turno do Gauchão.
Os altos e baixos da trajetória de Silas
Na chegada a Porto Alegre, ontem à noite, a maior parte da delegação evitou o saguão do Salgado Filho, embarcando no ônibus direto da pista. Silas, Hugo e Borges, cujas famílias aguardavam no local, foram os únicos a cruzar rapidamente o saguão. Ali, minutos antes, 12 torcedores estendiam uma faixa pedindo atitude. O descontentamento da torcida aumentou com o anúncio de Réver como reforço do Atlético-MG.
Antes da viagem de retorno de Presidente Prudente, onde o Grêmio perdeu por 2 a 0 domingo, o diretor de futebol Luiz Onofre Meira conversou no hotel Arua com Silas e os jogadores. Alertou quanto aos riscos da situação – o Grêmio está na zona de rebaixamento – e exigiu empenho redobrado a partir de amanhã, contra o Vasco, no Olímpico. Após o encontro, Meira fez um relatório por telefone a Duda.
– Silas tem crédito. Não cogito outro nome para seu lugar – disse o presidente, citando as vitórias sobre o Inter, no Beira-Rio, e a virada contra o Santos, pela Copa do Brasil, como provas da capacidade do treinador.
Duda revela que sofre pressão para mudar o técnico e o diretor de futebol. As manifestações são feitas por torcedores comuns e mesmo alguns conselheiros do clube.
– Existe pressão, sim. Encaro naturalmente, pois convivo com isso desde que nasci. Mas a influência é praticamente zero – garante Duda, que começou a frequentar o vestiário do Olímpico aos sete anos, junto com o pai, o ex-patrono Fernando Kroeff.
Apesar da garantia da direção, a situação de Silas é delicada. Nos bastidores, suspeita-se de que seus discursos já não mobilizem tanto os jogadores. As frequentes afirmativas de que o técnico não pode ser responsabilizado se o time perde gols provocam um certo mal-estar entre o grupo.
Uma crítica pontual foi quanto à decisão do técnico de retirar Borges para a entrada de André Lima. Segundo os críticos, ao ficar com um jogador a mais, devido à expulsão de João Vitor, do Prudente, Silas deveria ter retirado um dos laterais e escalar três atacantes – Jonas, Borges e André Lima.
– O Grêmio teria que ir para cima, ganhar o jogo. O técnico foi mal – afirma um conselheiro identificado com o grupo político que ajudou a eleger Duda no final de 2008.
Rumores sobre divisão do grupo de jogadores vieram à tona nos últimos dias. Alguns apontam que os mais jovens, por se sentirem desprestigiados, compõem uma ala, enquanto os mais velhos integram outra.
Também haveria descontentamento quanto aos valores dos novos salários pagos ao goleiro Victor, que passa a ser o jogador de melhor remuneração no grupo.
– Isso é um absurdo. Se ainda houvesse uma grande diferença salarial, poderia se admitir. Mas todos ganham bem – rechaça um dirigente.
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