| 04/07/2010 21h19min
Se alguém percebeu, ficou em silêncio. Mas se o Uruguai contrariar o favoritismo holandês na terça-feira, for à final e chegar ao título, adiós Argentina.
O Uruguai terá três títulos (1930, 1950 e 2010), contra dois dos hermanos (1978 e 1986). O posto de número 2 das Américas mudaria de dono, já que a marca de cinco da Seleção Brasileira é praticamente inatingível.
Deve ser por isso que as emissoras de televisão uruguaias volta e meia repetem uma entrevista de Diego Lugano, zagueiro e capitão da Celeste.
Na conversa com um jornalista uruguaio na África – ao contrário do ex-esquema brasileiro na África do Sul, os jogadores do técnico Oscar Tabárez conversam quase todos os dias com seus conterrâneos – Lugano manifesta um sonho com voz embargada:
– Sinto como se fosse um menino jogando futebol nas ruas de Montevidéu. E sonhar como um menino é o melhor dos sonhos: quero erguer a taça de campeão do mundo. Sonho com isso desde que chegamos à África. Faltam 180 minutos – suspira Lugano, ex-jogador do São Paulo, agora no Fehnerbaçe, da Turquia.
Antes de Lugano, só duas lendas da Celeste ergueram o troféu: Obdúlio Varela, em 1950, e Nassazi, em 1930. Lugano não sabe se jogará na terça-feira. Sentiu uma contratura muscular contra Gana e saiu ainda no primeiro tempo.
Mas ele crê.
E manda o recado para os sem fé, um recado repetido volta e meia pela imprensa aqui de Montevidéu:
– Sim, é possível. Estamos cansados, mas não vencidos.
Se as previsões de Lugano se confirmarem, não sei o que será do Uruguai. Acho que todos os três milhões de habitantes sairão às ruas para nunca mais voltar às suas casas, de puro medo de acordar do sonho.
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