| 28/06/2010 08h26min
Imagine a cena a seguir.
Você chega no trabalho e o seu chefe lhe informa que vai mudá-lo de setor. Você irá para um departamento que, reconhecidamente, não é o de sua predileção. Mas é caso de urgência, ele argumenta. É pelo bem da empresa e dos colegas. Você franze o cenho mas, é claro, aceita as novas incumbências.
O lado profissional deve prevalecer. Não se faz apenas o que gosta na vida. Para ter direito ao tenro filé de primeira, há que se provar as durezas da carne de pescoço.
O tempo passa, você trabalha com igual fervor e, por mérito notório, volta ao tenro filé de primeira. Prova sem sombra de dúvidas que é melhor do que aquele que ficou em seu lugar, por razões diversas. Retoma o posto. Com a aprovação do chefe.
Você fica feliz e satisfeito, obviamente. Você foi profissional, você ajudou a equipe quando precisaram, você deu a sua cota de sacrifício sem reclamar.
Só que, de uma hora para outra, este mesmo chefe muda de ideia e o rebaixa de função novamente. Você reclamaria, certo? Se não reclamasse, você seria um rato, não seria?
Pois foi isso que aconteceu com Mário Fernandes, que de zagueiro titular cobiçado pelo futebol europeu às custas de belas atuações agora vira duplamente reserva: de Ozéia, na zaga, e de Edílson, na lateral-direita. Sua reclamação, portanto, está longe de significar indisciplina ou insubordinação.
Mário Fernandes deve estar achando que é vítima de perseguição. Primeiro, Silas o deslocou para a direita. Ali seria titular, enquanto que na sua posição de origem teria que lutar na reserva. Vencido o desafio com sobras, Mário voltou a ser zagueiro, lugar de onde nunca deveria ter saído.
Agora, Silas decreta que nada disso importou. Tudo volta a ser como antes. É um rebaixamento. Claramente. Pode não ser, não creio que seja, mas parece perseguição. Ou Silas não gosta do futebol de Mário.
Como uma jovem promessa vai desenvolver o seu potencial se a cada par de meses o técnico o troca de posição? Se ficar zanzando entre zagueiro e lateral-direito, Mário vai perder tempo e, pior, pode perder a hora na carreira.
É preciso treinar mais cruzamento ou cabeceio? Entrada em diagonal ou antecipação? O Grêmio criou um problema do nada com esta súbita reserva de um de seus melhores jogadores. Do nada.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2011 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.