| 23/06/2010 07h51min
Na próxima segunda-feira, a apresentação do balanço financeiro de 2009 do Inter mostrará um time com uma folha de R$ 4,8 milhões mensais, e um clube cuja dívida de curto prazo vem aumentando. Segundo documentos aos quais Zero Hora teve acesso, o Conselho Fiscal emitiu parecer informando que as contas estão aptas a serem analisadas pelo Conselho Deliberativo, em vez de recomendar a aprovação — o que não ocorria desde 1999, quando houve questionamentos à direção sobre a negociação de Christian com o PSG.
Nesta análise, foram feitas ressalvas pelo Conselho Fiscal, com base nas auditorias independentes Saweryn e Associados (contratada pela direção) e a Cerutti e Machado Auditores Associados (contratada pelo Conselho Fiscal). Entre elas, que a direção não apresentou documentos que comprovem a redução de 30% para 25% da DIS Esportes e Organização de Eventos Ltda, nos direitos econômicos de Nilmar, nem registros que autorizem a transferência de créditos da DIS para a Sonda Supermercados, Exportação e Importação Ltda. Ambas as empresas pertencem ao investidor Delcyr Sonda. Além disso, há a recomendação para que a direção fique atenta ao maior crescimento das despesas com relação ao aumento das receitas. Também sugere maior controle de gastos.
A dúvida levantada pelos auditores, com relação à integralização da DIS na compra de 30% dos direitos econômicos de Nilmar, em 2007, foi que Sonda deveria ter pago R$ 5,46 milhões, mas apenas R$ 1,56 milhão foram repassados ao clube — ou o equivalente a 8,58% do total dos direitos econômicos. Porém, em julho de 2009, ao vender Nilmar para o Villarreal por 15 milhões de euros (à época, R$ 40,38 milhões), o Inter creditou à DIS R$ 12,11 milhões (quando a empresa deveria ter recebido R$ 3,46 milhões, relativo à parte que pagou ao Inter), o equivalente aos 30% da transação.
Após um pedido de explicações do Conselho Fiscal à direção, o clube justificou como crédito da DIS percentuais sobre as vendas de Rentería ao Porto e de Ceará ao PSG, ambas operações realizadas em 2007, e que ainda não haviam sido quitados. Com estes dois créditos e a redução no percentual da participação da empresa sobre Nilmar, o clube teria comprovado a integralização dos valores repassados por Sonda.
— Prefiro não comentar nada agora, apenas na reunião do Conselho, porque pode gerar uma interpretação diferente. Na verdade, há alguma interpretação que precisa ser analisada com muita cautela para que não tenha um entendimento totalmente diferente daquilo que é a realidade — afirmou o 2° vice-presidente do Inter, Mário Sérgio Martins, responsável pela apresentação do balanço.
Contas serão aprovadas, assegura dirigente
Na reunião no Conselho Deliberativo — que deveria ter ocorrido em abril, prazo máximo para a prestação de contas —, números como a antecipação de R$ 11 milhões também serão discutidos. Mesmo com uma receita anual de R$ 150,6 milhões (um crescimento de 23,4%, comparado aos R$ 122,4 milhões de 2008, e com o quadro social arrecadando R$ 3 milhões mensais, quase empatando com a receita da TV), o Inter viu a sua dívida de curto prazo aumentar em 64,62%, passando de R$ 55,4 milhões para R$ 91,2 milhões em um ano.
Ainda que as receitas com a TV e o quadro social, somadas, cheguem a R$ 65 milhões, a principal receita do clube ainda é a venda de jogadores. Em 2009, foram R$ 60 milhões em transferências de atletas.
Martins nega preocupação com o aumento da dívida. Diz que tudo está nos planos de crescimento do Inter:
— Não tenho dúvidas de que o balanço será aprovado.
O caixa de 2009
- Receitas líquidas – R$ 150,6 milhões
- Despesas totais (líquidas de amortização, depreciação e juros da Timemania) – R$ 136,4 milhões
- Resultado financeiro (resultado do ano, somado às despesas que não representam saídas de caixa) – superávit de R$ 14,2 milhões
- Depreciação, amortização e juros da Timemania – R$ 23,1 milhões
- Resultado do exercício (lucro ou déficit ao final do ano) – déficit de R$ 8,9 milhões
- Vendas de jogadores – R$ 60 milhões
- Direitos de TV – R$ 38 milhões
- Quadro social – R$ 37 milhões (R$ 3 milhões mensais)
- Folha do futebol – R$ 58,2 milhões (R$ 4,8 milhões mensais)
- Dívida total (de curto prazo, com pagamento em até um ano, e a de longo prazo, com dívidas fiscais renegociadas) – R$ 209,6 milhões
- Dívida de curto prazo (com pagamento em dezembro de 2010) – R$ 91,2 milhões
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