Como amigo de Dunga, Silas avaliou o comportamento do treinador da Seleção Brasileira nas entrevistas coletivas, muitas vezes exagerando nas respostas ríspidas. O último episódio na África do Sul foi um desentendimento do comandante com um repórter da TV Globo, que ganhou repercussão mundial. Para o técnico do Grêmio, falta um pouco de experiência para Dunga lidar com a pressão. Além disso, lembra que o ex-capitão do Brasil passou por muitas dificuldades na vida para chegar onde está.

— Eu conheço o Dunga particularmente, é um cara sensacional. O Maradona, por exemplo, é um técnico que todo mundo acha que é arrogante, mas ele é um baita homem, está sempre do lado dos jogadores, por isso eles têm chance de ganhar a Copa. E o Dunga é um baita cara também. Ele batalhou muito para chegar onde chegou. Mas precisa estar na pele dele para saber o motivo das reações. Talvez hoje ele seja mais importante até que o Lula — compara.

Silas também lembra que o treinador da Seleção Brasileira tem mais responsabilidades do que um treinador de qualquer outro clube. Está também nas mãos dele a conquista do título da Copa do Mundo.

— Ter que preparar jogo, pensar nos jogadores, mais comissão técnica, mais parte de apoio, pensar nos adversários, diretoria, imprensa... Não deve ser fácil, ele não teve essa experiência antes. Mas isso precisa ser lapidado, e só depende dele. Ele já apanhou muito... Mas o Dunga não é nada daquilo ali não, ele é um cara muito legal — reitera.

O técnico do Grêmio acredita que dentro da própria delegação da Seleção há profissionais e pessoas experientes que podem ajudar Dunga a melhorar nesse aspecto de convivência com a imprensa.

— Tem muita gente ali dentro que já viveu muito isso, o Américo Faria, por exemplo. O Jorginho também, que é como um irmão para o Dunga. E ele mesmo sabe que às vezes exagera. Mas é uma experiência que ele vai adquirir com o tempo. O Felipão também era bravo, né? Mas o Felipão todo mundo gosta dele. Mas o Dunga vai chegar nesse aspecto. Ele conseguiu o que muita gente não tinha conseguido, moralizar o futebol. Agora tem muita gente lá da imprensa que foi viajar e não está fazendo muita coisa, né.... (risos) — acrescenta Silas.