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 | 17/06/2010 03h47min

Ruy Carlos Ostermann: Gols

Marcelo Bielsa, exigente como é com todo mundo, com agressividade, autor de frases provocativas e contundentes a respeito de quase tudo, da AFA, do clube e naturalmente das seleções que tem dirigido, como agora o Chile, deve estar acamado. O Chile perdeu gols demais, e não se pode perder tantos num único jogo, seja de estreia ou não, mas é uma triste característica desses primeiros jogos.

Ganhou, o que é mais importante numa Copa, revelou qualidades, foi muito superior, mas ficou no mínimo. Mas, até porque ganhou de Honduras, que não deve ser nada nessa Copa, vai crescer, os gols poderão ser resgatados. Perder gols é da ansiedade e também da imperícia de um jogo. Mas, se os atacantes, como os chilenos, chegam muito perto de fazer gols é inevitável que acabe fazendo mesmo.

Luvas

Na primeira folga, ou melhor, no primeiro desvio da van, vou comprar um par de luvas de lã. Não sei onde ficaram as que devo ter trazido de Porto Alegre. Ninguém aguenta o frio na rua e especialmente nos estádios. Não adianta enfiar as mãos nos bolsos, o frio se intromete, porque há vento, antes de mais nada.

Luvas, essa é a próxima façanha.

Traição

A Espanha foi traída, literalmente traída. Não esperava tanta resistência da Suíça, atacou com método e insistência, sobretudo por Iniesta, o 6, grande jogador de campo inteiro, recorreu a Fernando Torres, mas que não teve outra chance senão a que perdeu. O jogo se estendeu de tal forma que os suíços também começaram a jogar e, num lance de força e decisão, marcaram um gol.

Não se julgue (como se está fazendo com a Seleção de Dunga que também apenas ganhou – e no segundo tempo, que foi o bom) a Espanha por esse fracasso inaugural. A Copa só se resolve nesta primeira parte nos dois jogos adiante para cada um. Antes, estamos misturando nervosismo, precipitação e mesmo afobação com uma análise mais segura da natureza de um jogo de futebol.

Quatro dias

O tempo aqui quase não conta ou é imperceptível, o que dá no mesmo, apenas nos complica um pouco mais. Acontece que os dias são iguais, se repetem, é hotel, treino, jogo, IBC, janta tardia, volta, sono. Não é diferente para ninguém, mesmo aqueles que vieram para fazer outras coisas aqui. E assim se plastificam as coisas. Ontem, pensando no segundo jogo da Seleção contra a Copa do Marfim, me dei conta de que será domingo e que ontem era apenas quarta-feira. São quase quatro de descanso. Tempo suficiente para pensar no que foi mesmo que aconteceu no primeiro tempo do jogo passado em que todos ficaram lentos, comedidos, trovadores de passe, quase sem imaginação. Tanto é interessante sentar na sala da concentração para pensar que o segundo tempo foi outro jogo, quase o que se quer.

No futebol, pensar é transferir para o corpo novas ideias e nova programação. Tomara que se faça isso. E o que todos, brasileiros ou não, estão admitindo que possa ser.

ZERO HORA
 

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