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 | 15/06/2010 04h51min

Funcionário da embaixada da Coreia do Norte fala sobre jogo contra o Brasil

Entrevistado não quis se identificar ao falar sobre a estreia das seleções na Copa

Quando a bola rolar em Joanesburgo, alguns norte-coreanos assistirão em tempo real, em Brasília, àquilo que os seus compatriotas só conseguirão ver em reprise mais de 15 horas depois. Brasil e Coreia do Norte, às 15h30min, não será passado ao vivo em seu país.

Os privilegiados são funcionários da embaixada da Coreia do Norte, país asiático dotado de um dos regimes políticos mais fechados do mundo. Pego de surpresa pelo intérprete Carlos Gorito, estudante de Relações Internacionais que morou um ano em Seul, na Coreia do Sul, um dos funcionários da embaixada conversou com ZH. Não quis se identificar, é claro.

O homem que atendeu ao telefonema em Brasília fugiu das perguntas de cunho pessoal e político, apesar dos risos. Só falou sobre futebol.

Zero Hora – O senhor gosta de futebol?

Funcionário da embaixada – (risos) Sim, gosto muito. Bati bola muitas vezes na minha vida.

ZH – Como o senhor vê a Coreia do Norte contra o Brasil?

Funcionário da embaixada – (risos) Todo mundo sabe que o Brasil ganhou a Copa cinco vezes. Essa chave é muito difícil, é o”grupo da morte”. Na Coreia dizemos que o “futebol é redondo”, ou seja, é uma caixinha de surpresas. A França perdeu o amistoso de 1 a 0 para a China...

ZH – E a seleção norte-coreana?

Funcionário da embaixada – Acho que joga bem. Ninguém imaginava o nosso 1 a 0 sobre a Itália em 66. O técnico é uma pessoa que jogou muitas vezes e tem experiência. Temos de acreditar nele. Não precisamos discutir a seleção, confiamos no técnico.

ZH – Onde o senhor pretende assistir ao jogo?

Funcionário da embaixada – Na embaixada, claro. (risos)

ZH – Qual seu jogador favorito?

Funcionário da embaixada – O capitão Hong Yong-Jo (número 10 e centroavante do time). E temos também o atacante Jong Tae Se. Ele nasceu no Japão, né? Não sei porque quis jogar pela Coreia do Norte... Eu nasci em PyongAnDo (província da Coreia do Norte).

ZH – O Tae Se disse que acredita na vitória coreana.

Funcionário da embaixada – Sou norte-coreano e tenho orgulho disso. Os brasileiros também torcem para que o país ganhe tudo pela frente e vire notícia e fique famoso. Também quero que a Coreia da Norte vença todos os jogos (risos). É difícil, mas acredito muito em nossos jogadores.

ZH – Qual é o seu nome?

Funcionário da embaixada – Eu gostaria que você colocasse o nome da Embaixada da Coreia. Prefiro não dizer o meu nome. Qual é o nome do jornal?

ZH – Você é funcionário da embaixada?

Funcionário da embaixada – Sim. Coloque o nome da embaixada, por favor.

ZERO HORA
Fabrice Coffrini, AFP  / clicRBS

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Foto:  Fabrice Coffrini, AFP  /  clicRBS


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