| 03/06/2010 06h10min
Adilson Batista não é mais o técnico do Cruzeiro. Ele surpreendeu o ambiente do futebol ao anunciar a sua saída ontem, após o empate com o Santos. Bem, até os plátanos do suplementar do Beira-Rio sabem que Fernando Carvalho tem grande admiração pelo seu trabalho.
Portanto, Adilson é um treinador de primeira linha que está livre para o Inter. É so ir lá, fazer proposta e trazê-lo. O Palmeiras fará o mesmo, vale lembrar.
Mas posso apostar que, na Província de São Pedro, haverá quem considere sacrilégio o fato de Adilson ter afirmado que secaria o Inter na final do Mundial de Clubes em 2006. É uma bobagem retumbante levar isso à sério em tempos de profissionalismo.
Adilson fez o comentário brincando, pelo fato de ter tido uma trajetória vencedora no Grêmio como jogador. Deveria ter sido mais prudente e politicamente correto, adotando o silêncio como postura para evitar constrangimentos no futuro? Admito que sim.
Mas não dá para condená-lo à arder na fogueira em praça pública por isso. Ontem mesmo, na entrevista em que anunciou a saída do Cruzeiro, jurou ser cruzeirense. Então ele foi gremista, agora é cruzeirense e se vier mesmo para o Inter e fizer história, será também colorado. É assim a vida dos profissionais do futebol.
Tinga declarou-se colorado e, antes de chegar ao Inter, foi campeão pelo Grêmio. Não me lembro de um só Gre-Nal em que tenha jogado mal com a camisa tricolor. Ao contrário: era um carrasco. Além de atuações irrepreensíveis, ainda marcava gols.
Dia destes, Saul Berdichevsky, ex-dirigente do Grêmio e muito amigo de Adilson, me disse o seguinte:
– As pessoas não lembram, mas o Adílson jogou no Inter antes do Grêmio. Fez gol e tudo. Se este assunto da vinculação dele com o Grêmio aparecer, tem este outro lado.
Tem razão o Saul. No começo dos anos 90, o então zagueiro veio para o Beira-Rio e, sob o comando do técnico Falcão, vestiu a camisa do Inter. Mas isto nem é o mais importante.
O que me parece mais interessante é o currículo de Adilson, caso se confirme a sua contratação para o lugar de Jorge Fossati. Ele tem só 42 anos, completados em março. Mesmo assim, já ostenta resultados como um vice da Libertadores.
É praticamente das categorias de base dos treinadores. Quantos, com essa idade, chegaram à uma final de Libertadores ou disputaram Brasileirões chegando entre os quatro primeiros, como ele no comando do Cruzeiro? Sem falar que Adilson chegaria com ambição dupla.
Primeiro, conquistar a América como técnico e jogador (ele foi o capitão do Grêmio campeão em 1995, como se sabe). Seria o primeiro a alcançar tal façanha. No ano passado bateu na trave. Em segundo lugar: se escolhesse o Inter, teria a chance de se vingar do São Paulo na mesma competição. Eliminado pelo time do Morumbi no Cruzeiro, agora poderia dar o troco no comando do Inter.
Não sei o Inter conseguirá trazê-lo, já que o Palmeiras está na briga também.
Enfim: aguardemos.
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