| 20/05/2010 11h10min
Pode ser o último jogo de Sandro com a camisa do Inter. Ninguém no Inter pensa nisso, é claro, mas o volante está levando muito a sério o seu momento de deixar o clube. Ele deve embarcar à Inglaterra e se apresentar ao Tottenham assim que terminar a participação colorada na Libertadores. Além de estudar inglês com afinco e disciplina nas poucas horas vagas, Sandro inova: está fazendo treinamento intercultural com uma equipe de profissionais especializada na adaptação de brasileiros no Exterior. A mulher, Suyê, o acompanha nas sessões. Até os pais, Rosângela e Joaci, participam quando estão em Porto Alegre.
— Estou levando muito a sério esta nova etapa da minha vida. O treinamento intercultural tem me ajudado a encarar com mais tranquilidade o tempo que ainda terei pelo Inter. Ir para um lugar tão diferente deixa de ser um bicho de sete cabeças. Eu jogo mais calmo — explica Sandro, cujas boas atuações indicam que a ansiedade pela Europa não tem atrapalhado o seu desempenho na Libertadores.
Quem faz o trabalho com o jogador é a equipe de Andrea Sebben, psicóloga com especialização neste tema em Espanha, Bélgica e Estados Unidos. Ela mora no mesmo condomínio de Guiñazu e Índio, que a indicaram para Sandro, um tanto agoniado com a mudança radical de vida que se avizinha.
Andrea trabalha há 17 anos ajudando na adaptação de quem sai do Brasil, mas no futebol, Sandro é o pioneiro. Tem 32 agências de intercâmbio do mundo todo como clientes, além de vários executivos de grandes empresas. Ela tem feito simulações com Sandro, sob forma de teatro, para ele experimentar as reconhecidas rigidez e formalidade dos britânicos.
— As estatísticas da CBF indicam que a metade dos jogadores que deixam o Brasil voltam antes de terminar o contrato. A frase clássica que mais ouço de quem sai: "nossa, que mundo estranho". Mas não podemos achar que o nosso repertório de vida funciona em qualquer lugar. O britânico, por exemplo, não aceita desculpa da chuva ou do trânsito para um atraso, por exemplo — explica Andrea.
Saiba mais sobre o confronto no gráfico:
ZERO HORA
"Ir para um lugar tão diferente deixa de ser um bicho de sete cabeças", afirma Sandro
Foto:
Eduardo Cecconi
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