| 07/05/2010 05h10min
Sempre defendi que, entre Gauchão e Libertadores, a prudência manda preservar titulares para deixá-los em ponto de bala na competição mais importante. Ou para não correr o risco de tirá-los de combate por lesão, um argumento que já seria suficiente.
É a velha tese da prioridade, de colocar o mais insignificante detalhe de Libertadores muitos degraus acima do mais fundamental aspecto do Gauchão.
Libertadores é só de vez em quando. Gauchão tem todo ano há quase um século.
Foi assim no ano passado, com o Grêmio. Está sendo agora, com o Inter. Não jogar o Gre-Nal decisivo com força máxima ajudou o time do técnico Jorge Fossati a construir o 2 a 0 sobre o Banfield, depois da derrota por 3 a 1 na Argentina.
Sorondo, Guiñazu, D'Alessandro, Nei e Alecsandro não jogaram o Gre-Nal. E tiveram desempenho ótimo do início ao fim ontem, sem oscilações. Sem cansaço. Com força o tempo todo.
Talvez no caso de Guiñazu fosse mesmo indiferente: o capitão corre feito doido sempre, em qualquer contexto. Mas mesmo ele, após uma semana só treinando, cresceu de rendimento.
Alecsandro fez gol e terminou o jogo ajudando a marcar feito volante. Sorondo não errou uma cobertura sequer, apesar de disputar na velocidade com o rápido e movediço Fernández pelos lados. D'Alessandro, bem, este nem se fala: fez a sua melhor partida desde que chegou ao Inter, em 2008. Um show de marcação, armação e chegada na frente. Nei procurou o flanco a cada minuto.
É incontestável. O fato de eles não terem disputado um Gre-Nal no qual teriam que buscar um resultado negativo de 2 a 0 sem gol qualificado, no Olímpico, ajudou a deixar o Inter a quatro jogos da final da Libertadores. O Gre-Nal drenaria suas forças.
Alguém dirá: Sandro jogou o Gre-Nal e ontem teve atuação de Seleção Brasileira. Verdade, mas é um volante que mal passou dos 20 anos. Se não exibir fôlego agora, nunca mais. Mas mesmo ele, em algum momento, precisará se poupado. Talvez contra o Cruzeiro, domingo.
Seria arriscado demais apostar que todo o time fosse responder como Sandro em duas decisões tensas e desgastantes, correndo contra o relógio e precisando marcar gols.
No caso de D'Alessandro, é notório: ele não tem condições de suportar no mesmo nível partidas seguidas com diferença de poucos dias entre elas. Lembro que Paulo Paixão, o gênio da preparação física, dizia que Tinga não tinha como aguentar cinco ou seis partidas seguidas no seu ritmo habitual, de entrega total em alto nível.
É proibido um time jogar quarta e domingo com titulares, alternando decisões, e ganhar todas? Claro que não. Futebol não é ciência exata, ainda bem.
Mas no caso do Inter é incontestável. Desistir do título gaúcho no Gre-Nal decisivo, poupando titulares e não doando sangue para reverter a vantagem do Grêmio, ajudou contra o Banfield. E ajudou muito.
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