| 23/04/2010 14h30min
Aconteceu contra o Pelotas no domingo e se repetiu ontem, na vitória sobre o Deportivo Quito por 3 a 0, pela Libertadores.
O zagueiro Bolívar, principal liderança de vestiário do Inter depois de Fernandão, outra vez cresceu no momento decisivo.
Diante do Pelotas, quando estava 2 a 0, e tudo parecia acabado, ele surgiu do nada para fazer o primeiro gol. Gritou, chamou todos para um longo abraço e, aos gritos, conclamou os companheiros para a nova saída de bola. Mostrou raiva. Sacudiu o time. Até ali, o Inter era uma pasmaceira só. Depois dali, só parou na final do Gauchão.
Ontem, além do bom desempenho, novamente Bolívar se destacou. De novo no momento decisivo. O segundo gol, de cabeça, deu ao Inter uma tranquilidade jamais vista durante uma partida de Libertadores este ano.
Lembrei do título da Sul-Americana, em 2008. Alguém se recorda a partir de quando e de que maneira o Inter se aprumou no caminho do título? Graças a Bolívar. Eu estava lá, na Bombonera, cobrindo o jogo para a Zero Hora.
O lateral-direito contra o Boca Juniors seria o improvável Ângelo, mas o técnico Tite teve a luminosa ideia de barrá-lo em nome de Bolívar.
A partir dali, formou-se uma linha de quatro jogadores na defesa (Bolívar, Álvaro, Índio e Marcão) importante para acertar a equipe.
Vou além: na final do Beira-Rio, contra o mesmo Estudiantes atual campeão da América, Bolívar participou ativamente. Teve uma atuação exemplar em um jogo complicadíssimo, para nervos de aço.
Bolívar é um remanescente da Libertadores de 2006. Não é craque, às vezes perde a cabeça e torna-se violento, mas é inegável: cresce, e muito, nos momentos decisivos. Suporta pressão. Tem personalidade.
Deu a cara para bater recentemente, quando dirigentes e até alguns jogadores falavam em poupar jogadores no Gauchão. Bolívar pediu para jogar e defendeu o uso de time titular contra o Pelotas.
Claro que Guiñazu não vai perder a braçadeira de capitão, pelo que representa de esforço, garra e entrega. Mas me parece inegável que o principal líder do Inter hoje é Bolívar.
O verdadeiro líder surge na hora decisiva. E Bolívar, que já era voz forte no vestiário, tem marcado presença justamente nestas horas cruciais.
É difícil dizer e ele conseguirá exercer o papel que Fernandão exerceu em 2006. Cedo para fazer uma previsão assim, pois são jogadores diferentes.
Aos poucos, o zagueiro vai ocupando a lacuna deixada pelo eterno camisa 9 vermelho.
Ainda há o Gre-Nal pela frente e os mata-matas da Libertadores, mas o jogador mais perto de se firmar neste papel, por enquanto, é ele mesmo: Bolívar.
Zagueiro Bolívar marcou o segundo gol contra Deportivo Quito e sobe na cotação de líder
Foto:
Jefferson Botega
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