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 | 20/04/2010 07h10min

Minha História na Copa: Carlos Simon

Em 2002, árbitro disse a colega malaio: "O bicho vai pegar!"

O árbitro Carlos Simon vai para sua terceira Copa do Mundo. Aos 44 anos, ele é o mais velho dos 30 selecionados e já está em clima de aposentadoria: esse é o último ano dele no quadro da Fifa. Na preparação para o Mundial da África do Sul, divide a rotina entre treinos físicos pela manhã e testes teóricos e estudos da Fifa pela internet na parte da tarde, sem dispensar o chimarrão nos dois turnos.
 
Os apetrechos do mate farão parte da bagagem quando embarcar para o Mundial, afinal sempre leva cuia, bomba e erva quando faz viagens com mais de uma semana de duração. Só a primeira fase da Copa, que se inicia dia 11 de junho, terá duas semanas de duração. Se a Seleção Brasileira passar para a etapa eliminatória, diminuem as chances de Simon seguir apitando. Se o Brasil cair fora logo cedo, aumenta a probabilidade de ele seguir na África do Sul.

– Sou um gaúcho criado lá na fronteira. Se fico muito tempo sem chimarrão sinto uma falta tremenda – afirma o árbitro, natural do município de Braga.

Essa é a segunda Copa do Mundo na qual Simon terá auxiliares também brasileiros. Mas até 2002 apenas um auxiliar do mesmo país ia junto com o árbitro principal. No confronto entre Itália e México, pela fase de grupos do Mundial da Coréia do Sul e do Japão, Carlos Simon precisou conhecer melhor um de seus assistentes, o malaio Mat Lazim Awang Hamat. O outro bandeira era o brasileiro Jorge Paulo de Oliveira Gomes.

Durante a viagem de duas horas de Tóquio até Oita, local da partida, Simon conversou com o colega asiático e o alertou que se tratava uma partida decisiva. Para mensurar a importância do jogo, usou uma expressão famosa no país:

– Disse que em dias de grandes jogos usamos a expressão "o bicho vai pegar", como em clássicos tipo Gre-Nal, Corinthians e São Paulo ou Ba-Vi.

Hamat, que apitava uma média de uma partida por mês em seu país, absorveu a expressão e a decorou. Na véspera do jogo, após a janta no hotel, o auxiliar Jorge Paulo bateu à porta do quarto de Simon, com certo espanto:

– Simon! O que tu fizeste com esse cara? Ele passou por mim no corredor dizendo "o bicho vai pegar, o bicho vai pegar"! – disse Simon, durante entrevista ao clicEsportes, lembrando de um episódio de sua primeira participação em Copas do Mundo.

O jogo, por sinal, terminou 1 a 1. O México se classificou como primeiro colocado do Grupo G, seguido pela Itália.

Em 2006, Simon se espantou com a organização alemã para a Copa. Tudo começava e terminava no horário marcado e, segundo ele, após às partidas, o estádio já estava vazio em até 15 minutos. Além de apitar três partidas, sendo uma pelas oitavas de final, ele também aproveitou para consumir iguarias típicas locais:

– Também comemos muito pão com linguiça e tomamos cerveja da melhor qualidade lá na Alemanha – elogiou o árbitro.

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