| 06/04/2010 07h43min
Na noite da quarta-feira após a vitória do Inter sobre o Cerro, o técnico Jorge Fossati não recorreu a uma parrilla ou pancho, como seria de se esperar de um uruguaio de Montevidéu. Mas não. Era muito tarde. Procurou um McDonald’s, o da Avenida Silva Só, e ali comprou um lanche para, em casa, curtir o alívio da maior pressão sofrida em três meses de clube.
Fossati estava acompanhado da mulher, Adriana, e levou a refeição para o seu apartamento, no bairro Bela Vista, já na madrugada de quinta, depois de deixar o Beira-Rio. Não apenas a mulher do técnico acompanhou o marido naquele jogo. Os familiares dos integrantes da comissão técnica também estiveram presentes — numa espécie de corrente pela vitória.
Após os gols, do gramado Fossati voltava-se para as cadeiras e tentava visualizar Adriana. Estavam todos convencidos: se não vencessem, voltariam para o Uruguai.
Na terça-feira anterior ao jogo com o Cerro, Fossati jantou com a direção de futebol na
concentração. Conversou sobre o
adversário, Libertadores e passou o tempo trocando amenidades — como é costume do técnico.
Em momentos de grande pressão, ele trata de retirar a tensão do time. Por isso, na semana decisiva, trocou os coletivos por recreativos. A pressão pelos maus resultados tinha de arcar sobre o técnico.
Depois da vitória, ele chegou a comentar com companheiros: a sorte estava mudando. Mesmo sem ter chances de gol, como teve contra Pelotas e Caxias, a equipe agora se dava melhor.
— Fossati sabia que, se não vencêssemos o Cerro, iríamos embora. Ele sabe lidar muito bem com situações-limite e tratou de trabalhar a psique dos jogadores — disse o preparador físico Alejandro Valenzuela, que trabalha com Fossati há 18 anos.
Lembrou que o começo da dupla na seleção uruguaia foi ainda mais difícil do que no Inter. Assumiram no returno das Eliminatórias à Copa da Alemanha e, de cara, perderam para Peru e Colômbia.
— Aquilo, sim,
era pressão. Todo o jogo havia ameaça de demissão — lembrou o
preparador.
Fossati conseguiu levar o time à repescagem e perdeu nos pênaltis para a Austrália após desastrosa logística da federação na viagem a Sydney.
Fossati foi ao aniversário de 30 anos do lateral Kleber
Os jogadores o veem como um misto de paizão e chefão. Que afaga e cobra. Na quinta-feira, compareceu ao aniversário de 30 anos do lateral esquerdo Kleber. A maioria dos jogadores e parte da direção estava presente numa casa de festas do bairro Moinhos de Vento.
— Fossati está no nível de Abel e Muricy na integração com o vestiário — afirmou Fernando Carvalho.
Ainda que não haja um bom padrão de jogo, a direção confia em seu trabalho. Nega que tenha contatado outros técnicos em meio à crise.
— No Brasil, quando um técnico deixa um clube move um tabuleiro do xadrez, são sempre as mesmas peças. Fomos arrojados ao investir em Fossati e somos alvo de críticas — declarou o assessor de
futebol Roberto Siegmann.
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