| 03/03/2010 08h08min
O atacante Walter, enfim, encerrou o seu encastelamento. Em um encontro de duas horas, que se iniciou às 14h desta terça em elegante restaurante da zona sul de Porto Alegre, o jogador de 20 anos expôs a razão dos cinco dias de ausência aos treinos: Jorge Fossati. Falou disso a dois representantes do empresário Juan Figer, dono de seus 50% dos direitos econômicos. E prometeu apresentar-se ainda nesta semana ao clube.
A direção do Inter recebeu um relatório do que o jogador disse ontem. E definiu o que fazer assim que ele se reapresentar no Beira-Rio. Primeiro, Walter terá que admitir que errou e se desculpar com Fossati. Depois, terá de cumprir uma cartilha de obrigações:
a. Será submetido a 15 dias de trabalhos físicos, à parte do grupo.
b. Passará por rígido controle alimentar para perder os mais de cinco quilos das últimas semanas.
c. Quando estiver em forma, voltará a jogar pelo Inter B (que realiza amistosos pelo Interior).
d. Será multado e terá desconto dos dias em que faltou ao trabalho.
A ideia do clube é recuperar Walter a tempo de utilizá-lo na Libertadores. Caso contrário, será substituído nos inscritos a partir das oitavas. Se demonstrar especial interesse em voltar a jogar, o atacante poderá ter analisado o pedido de reajuste salarial – hoje, ele recebe cerca de R$ 20 mil, e teria então um pequeno aumento. Seu contrato hoje tem mais quatro anos.
– Todos querem ajudá-lo, mas, agora, ele só receberá auxílio se quiser ser ajudado. Walter terá que recomeçar do zero, caso contrário, sua carreira no Inter estará em risco – afirmou um dirigente.
Mas o problema é grave. Walter não quer mais trabalhar com o técnico. Foi veemente ao afirmar isso no encontro. Sua mágoa é com relação às cobranças exageradas de Fossati. Segundo ele, às vésperas da estreia na Libertadores, o uruguaio “me obrigou a ficar treinando cinco minutos a mais que os outros”. Disse que preferiria retornar a Recife, onde moram os dois irmãos e a mãe, Edith.
– Ele disse isso com a segurança de quem estava sendo injustiçado. Todos ficaram boquiabertos – contou uma dos presentes à reunião, espantada com a reação do atacante.
Ao final do encontro, Walter já estava mais calmo. Admitiu repensar seus atos, pronto para desculpar-se no clube.
– Ele não será repassado, não será emprestado – afirmou Carvalho, reforçando a ideia de punição.
Com relação a Fossati, ontem ele usou declarações politicamente corretas a respeito do caso.
– Todos nós erramos na vida, mas ele precisa ter consciência disso. É preciso cumprir regras – declarou Fossati.
Cinco quilos a mais?
Por volta de 17h de ontem, Walter chegou em seu apartamento no bairro Menino Deus. Não dirigia. Desceu do carro dos amigos. Cumprimentou-os com um abraço e um sorriso e, depois, fechou a carranca. Vestia bermuda jeans, tênis e camiseta branca. Não parecia, ao menos no visual, estar cinco quilos acima do peso, como acreditam no Beira-Rio.
Manter-se no peso, como se sabe, é um drama para o centroavante, cuja facilidade para engordar é notória. Ele caminhou até o portão e não parou nem para argumentar os motivos pelos quais seguiria em silêncio, mesmo abordado pela reportagem.
– Walter, você não vai dar entrevista?
– Não.
– Nem para tranquilizar os torcedores?
– Não, não.
As duas últimas negativas de Walter já foram abrindo a porta de entrada do prédio, para além do acesso eletrônico. Uma hora antes de ele chegar, foi a vez da namorada sair, de táxi.
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