| 02/01/2010 05h10min
Entra ano, sai ano, as mesmas dúvidas apertam os corações e preenchem as mentes de colorados e gremistas.
Quem está formando o melhor time? Quem contratou com mais competência e esperteza? A fotografia dos supostos 11 titulares mudou em que medida na comparação com a temporada anterior? E esta mudança, prenuncia o que exatamente? A tranquilidade dos suaves ventos de verão ou a preocupante nebulosidade sombria do inverno?
Afinal de contas, em 2010: quem vai ganhar mais títulos, Inter ou Grêmio, Grêmio ou Inter? Impossível dizer.
Até porque formar um time para dar show no Cirque du Soleil com salários nababescos em nada garante taça no armário. O Real Madrid, por exemplo, não venceu nem torneio de xadrez chinês em 2009.
Então, não entro nessa de me travestir
de mãe diná e prever o destino chacoalhando búzios. Mas existe uma diferença na
dupla Gre-Nal. Uma diferença essencial, de fundo, determinante, que no médio e longo prazo pode garantir resultados mais luminosos.
Dinheiro. O Inter tem, o Grêmio não.
O Inter sempre arranja um jeito de ter dinheiro na mão, enquanto o Grêmio sua sangue para arrecadar alguns trocados (trocados, segundo os padrões do futebol, é claro). Houve um tempo, nem tão distante assim, que era o contrário. Não é mais. O poder financeiro, no começo da década, é do Inter.
Vejamos o Grêmio, que agora vê Maxi López saltitante de mudança para Roma, decidido a disputar o Campeonato Italiano pela Lazio em vez de encarar o estádios dos Plátanos no Gauchão. Extraindo o sumo do imbróglio todo, episódios confusos como o do argentino acontecem por falta de dinheiro.
Se o Grêmio tivesse, lá atrás, liquidez para comprar de uma vez a metade dos direitos de Maxi López, em vez de trazê-lo por empréstimo com concessões de toda
ordem, nada disso estaria acontecendo. Bastaria pagar ao FC
Moscou e pronto.
O Grêmio passou o ano lutando bravamente, feito guerreiros espartanos contra os invencíveis exércitos persas, para arrumar 1,5 mihão de euros. Conseguiu, mas tarde demais. Perdeu a batalha. Como diz o presidente Duda Kroeff, a herança nefasta de dívidas do passado obriga o clube a disputar apenas jogadores em fim de contrato e que aceitem parcelar luvas, casos de Borges e Hugo.
Enquanto isso, o Inter acaba de pagar R$ 4 milhões pela metade de Andrezinho ao Nova Iguaçu (RJ). Foi lá, entregou o dinheiro à vista e fim de papo. Agiu igualzinho com Giuliano, para ter 100% de uma promessa com óbvio mercado na Europa logo ali adiante: R$ 7 milhões na mão da Traffic, dona do futebol do Palmeiras.
Somado ao R$ 1 milhão pelo espetacular Wilson Mathias de Fernando Carvalho, o Inter já torrou, entre bocejos, R$ 12 milhões somente no dezembro que passou. E olha que ainda não contratou nenhuma estrela de primeira grandeza para a Libertadores.
Se tira dólares e euros do
próprio cofre, recorre a investidores mecenas como Delcyr Sonda ou pega um naco dos lucros obtidos na compra e venda de jogadores, não importa: o Inter dá um jeito.
Se este poder financeiro resultará em vitórias e títulos ao final de 2010, bem, aí são outros 500, como ensina a sabedoria popular. Mas a década que se inicia exibe uma diferença concreta na rivalidade Gre-Nal.
O Inter tem dinheiro. O Grêmio, não.
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