| 26/12/2009 20h22min
Entre os cinco que vão brigar pelo título. É assim que o técnico Roberval Davino planeja a participação do Metropolitano no Estadual 2010. Com a experiência de quem já conquistou um título do Catarinense – pelo Figueirense, em 2002 –, o técnico diz que o Verdão corre por fora, mas acredita que pode pintar como a surpresa.
Fora de campo, o treinador também tem trabalhado bastante nos últimos dias. Seis clubes, entre eles equipes da Série B do Brasileiro, o procuraram com propostas para deixar o Verdão. Apesar das sondagens de dirigentes do Paraná, Mogi Mirim-SP, Sertãozinho-SP, Remo-PA, Fortaleza e Náutico, nada abalou a tranquilidade que Davino diz ter no comando do Metrô.
O treinador concentra-se na montagem do novo time. Na avaliação dele, o vice da Copinha, no começo deste mês, serviu para montar uma base. Agora, é hora de reforçar o time e dar padrão de jogo ao novo grupo.
Confira a entrevista de Davino ao Jornal
de Santa Catarina:
Santa: Que
avaliação você faz desta primeira etapa do trabalho no Metropolitano?
Roberval Davino: Uma avaliação positiva. Praticamente recomeçamos o trabalho. Havia uma base razoável e trouxemos algumas peças. Acredito que o resultado do Copa Santa Catarina foi bom. Disputamos contra times fortes, nesta realidade que falei. Dentro das nossas limitações, o resultado foi satisfatório.
Santa: Em uma escala de 0 a 10, que nota o senhor daria?
Davino: Não sou muito chegado a nota para avaliar trabalho, mas acredito que dentro do que foi avaliado, uma nota sete está de bom tamanho.
Santa: A Copa SC ficou dentro das expectativas?
Davino: Sim. A Copinha foi importante porque, hoje, a gente trabalha dentro da perspectiva do Joinville, que deverá ter mais uma boa participação. Para irmos para
a Série D (do Brasileiro), dependemos também daquilo que o Joinville fará no Estadual. Claro que temos nossos
interesses, nossas metas e creio que vamos alcançá-las. A Copinha serviu para a gente montar uma base boa, para divulgar o Metropolitano fora de Santa Catarina. Hoje, quando se fala em Metropolitano, as pessoas sabem que se trata de um time que cumpre os compromissos, que está em evolução, crescendo, e que tem tudo para se firmar no futebol de Santa Catarina.
Santa: Na virada do returno da Copa SC, o time fazia campanha ruim e você chegou a falar que o restante da competição serviria como laboratório para o Estadual. Foi criticado e, coincidentemente, depois disso chegaram alguns reforços e o Metrô embalou para o título do returno e o vice-campeonato geral. O que aconteceu de fato naquele momento que marcou a virada do time?
Davino: Foi mantido o laboratório. Vimos que algumas peças não davam certo, tivemos que trocar. Dentro da competição tivemos mudanças em algumas coisas, porque é impossível trazer um grupo de
jogadores e todos darem certo, assim como é
impossível chegar e ter uma base certa. O laboratório foi feito e acho que foi bom, conseguimos montar uma base, que era o objetivo. Agora, é uma pena que devemos perder algumas peças. O (Ricardo) Lobo já acertou a transferência para o Japão. O Amaral (Rosa) e o Rafael também estão nesta perspectiva. O pessoal de São Paulo me liga todos os dias para saber do Paulo (Santos) e do Serginho. Acredito que o laboratório serviu. Agora, é trabalhar em cima das nossas necessidades.
Santa: O que faz um técnico renomado, com propostas de vários clubes maiores, aceitar o desafio de um clube pequeno que ainda busca seu espaço como o Metropolitano? O que lhe atraiu para o clube e para Blumenau?
Davino: Primeiro, foi a amizade com o Sandro (Glatz). Não estou milionário, nem rico, mas tenho uma vida boa e me dou ao luxo de procurar um lugar que me dê tranquilidade para trabalhar. Sinto-me bem, com a perspectiva de fincar raízes
aqui. De repente, dá para ficar com a maioria
dos jogadores por mais tempo e fazer um trabalho a longo prazo interessante. O acerto que fiz foi até o final do Catarinense. Dentro disso, com a possibilidade de montar o time e as coisas evoluindo aos poucos, esse é o meu maior incentivo para trabalhar.
Santa: Aliás, você recebeu muitas propostas durante esse período de Metropolitano. Quais foram os times que o procuraram? E o que lhe fez decidir pela permanência?
Davino: Tive contato de times médios. Paraná Clube, Mogi Mirim-SP, Sertãozinho-SP, Remo-PA, Fortaleza, Náutico. O Sertãozinho foi esta semana mesmo, mas estou com este projeto do Metropolitano e pretendo dar continuidade. Não vou dizer que não saio de jeito nenhum, de repente se pintar um negócio bom, fora do país, pode até acontecer. Mas a minha intenção, realmente, é ficar e concluir o trabalho. A ideia é ir até o fim do Catarinense e, quem sabe, ficar por mais tempo. Minhas netas (uma de 13 e outra
de 14 anos) já me ligaram falando que querem
vir para cá.
Santa: O que o torcedor pode esperar do Metropolitano no Catarinense 2010? É possível sonhar alto?
Davino: Vamos primeiro focar dentro da realidade do Metrô. Fizemos um bom trabalho, mas agora a situação é outra e a luta vai ser grande. Vamos disputar com Avai, Figueirense, Criciúma e Joinville, e todos eles virão fortes, estão se reforçando. Acredito que vamos entrar no páreo. Mas, com os pés no chão. Não adianta se empolgar. Vi pessoas falando em jogadores como Fumagalli e França (atacantes). Isso não existe. Não temos condições de trazer. É claro que estamos tentando algumas peças interessantes, que, se derem certo, vão ajudar, e muito. Mas a nossa realidade é de lutar bem e atrapalhar os grandes, pelas beiradas. A gente corre por fora no Catarinense.
Santa: Sobre reforços, como têm sido as conversas com a
direção?
Davino: A gente tem trabalhado em cima das nossas necessidades. Tem que definir
essa história do Amaral (Rosa) e do Rafael, para repor com outro zagueiro. Hoje, precisamos de mais um atacante de velocidade e de um meia. Acredito que estamos com uma base boa. Com mais duas ou três peças, entramos na competição com um bom grupo.
Santa: Como avalia o atual momento do futebol catarinense? É possível fazer alguma previsão para o Estadual?
Davino: Acho que Avai e Figueirense fizeram bons trabalhos no Brasileiro. O Figueirense fez um trabalho muito bom com o que tinha e, infelizmente, não subiu. O nível deles é de duas grandes equipes, que entram como favoritos. Aponto ainda o Joinville, que tem um bom time e está se reforçando. Acho que vai ser um bom campeonato, com umas cinco equipes brigando pelo título. Coloco o Metrô no meio. Repito, a gente corre por fora. Quem sabe, aprontamos... Vamos ver. Poderemos ter surpresa, confio nisso.
Santa: Além de
técnico de futebol reconhecido, Roberval Davino também se arrisca na
literatura. Fale um pouco sobre os dois livros que já publicou, um recentemente, inclusive.
Davino: O primeiro foi em relação ao trabalho feito, com muita dificuldade, no Remo-PA (conquistou o Brasileiro da Série C pelo clube em 2005). Foi uma situação muito atípica para mim. No meu primeiro jogo, contra o São José, do Amapá, os dirigentes falaram que haveria um público razoável. Deu mais de 40 mil pessoas no estádio. E assim trabalhei mais três meses com média de 40 mil de público por jogo. Nos treinamentos, de 2 mil a 3 mil pessoas por dia. A coisa foi tão empolgante que resolvi escrever um livro. O segundo livro (Casos que vi, ouvi e até inventei) é uma mistura de um conto com a realidade de boleiro. Fala da história de uma “Maria Chuteira” que queria criar um jogador universal, que jogasse bem em todas as posições. Com este pano de fundo, falo dos empresários que compraram o menino ainda no útero da mãe. E assim, a história se desenrola, com as coisas que
acontecem no mundo do
futebol. Faço também algumas resenhas de histórias de alguns jogadores que treinei, como o Marquinhos Paraná, que revelei aqui no Figueirense. É bem legal. Espero que as pessoas gostem.
Santa: Tem também as “twittadas do Davino” – na rede social Twitter – que fazem o maior sucesso entre os seguidores. De onde vem a inspiração para os comentários?
Davino: Normalmente, gosto de acordar cedo, leio bastante, faço uma correlação de fatos da minha vida. Às vezes, dá certo. Minha preocupação ali é contar um pouco das minhas histórias. Não tenho muito o que fazer, daí, vou ali e escrevo. Só falo. Procuro me inspirar nos fatos atuais. Inclusive, ontem (terça-feira), falei sobre o Jobson (jogador acusado de doping recentemente). É um negócio que acontece com muita frequência e os clubes têm que ter cuidado. São meninos que, para se desviar, é muito fácil, pois ninguém chama um menino desse para tomar suco de laranja. Os
meninos só têm como benção a técnica do futebol.
E, de repente, se perdem. Conheço o Jobson e sinto muito por ele. Esse menino é craque e agora pode, de uma hora para a outra, ser banido do futebol.
Roberval recebeu propostas para deixar o Metrô, mas segue no comando da equipe catarinense
Foto:
Artur Moser
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