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 | 10/12/2009 21h10min

Preparação física de qualidade impulsiona o futebol gaúcho às conquistas

Dupla Gre-Nal conta atualmente com o trabalho dos dois profissionais da Seleção Brasileira

Vinicius Rebello  |  vinicius.rebello@rbsonline.com.br

Por ser um futebol tradicionalmente jogado com mais força, os gaúchos sempre deram muito valor à preparação física dos atletas. A história e os maiores feitos do esporte no Rio Grande do Sul estiveram sempre ligados aos homens que cuidam da forma dos jogadores.

Nos anos 70, Gilberto Tim reformulou o modo como os jogadores se preparavam fisicamente para as partidas, o que acabou culminando com o predomínio colorado no futebol brasileiro durante um bom tempo.

Nos anos 90, o Brasil conheceu Paulo Paixão. Responsável pela preparação física da equipe do Grêmio treinada por Luís Felipe Scolari, Paixão logo teve seu talento reconhecido. Nos anos 2000, ele consolidou sua carreira ao conquistar o Mundial de Clubes pelo Inter e a Copa do Mundo pela Seleção Brasileira.

– Dentro da história passa a ter um significado muito relevante esta relação dos profissionais com as principais conquistas do futebol gaúcho. Criou-se um simbolismo muito forte em termos de preparação física. Foram dois ícones que marcaram a preparação física brasileira, um no Inter e outro no Grêmio – disse Élio Carraveta, coordenador da preparação física do Colorado.

O futebol gaúcho conta, atualmente, com os dois preparadores físicos da Seleção Brasileira que vai disputar a Copa do Mundo na África do Sul. Paulo Paixão, que acertou sua volta ao Grêmio, e Fábio Mahseredjian, que segue no Inter. Os dois melhores profissionais da área no país adotam um modelo muito parecido com os jogadores: individualização do trabalho.

No mínimo duas vezes por semana, os jogadores da dupla Gre-Nal fazem um trabalho na sala de musculação. Isto para os atletas que não precisam de nenhuma correção no seu estado físico. Para estes, são programados treinamentos mais frequentes com pesos, que podem chegar até cinco vezes semanais.

Apesar deste ser um trabalho comum em todo o país, aqui no Rio Grande do Sul a cobrança é sempre mais forte, já que o futebol gaúcho é marcado pela força:

– Mesmo os preparadores físicos que não são gaúchos, vão para o Rio Grande do Sul e acabam incorporando esta metodologia, que é de pegada o tempo todo. No Sul se joga um futebol pesado. Os preparadores físicos que atuam no sul se sobressaem um pouco mais, mas não por serem melhores que os outros. É por que a característica do futebol gaúcho é de força, pegada e saída forte em velocidade para o ataque – disse Paulo Paixão, novo preparador físico do Grêmio.

A retomada do futebol brasileiro ligada à evolução da preparação física

A partir da conquista do tricampeonato Mundial pela Seleção Brasileira, com a comissão técnica sendo formada pelos preparadores físicos Gilberto Tim e Carlos Alberto Parreira, o país começou a dar maior importância para a parte fisiológica dos atletas.

Antes disto, pouca gente se importava em encontrar o ponto de equilíbrio entre o trabalho técnico e o físico.

– Com a evolução da preparação física no Brasil, os treinadores tiveram oportunidade de desenvolver taticamente sistemas de marcação forte e saída em velocidade para o ataque, visando surpreender o adversário. De uns anos para cá, se dá muito valor ao período do ano em que se está para fazer um cronograma de trabalho. Temos que levar em conta se estamos no início, no meio ou no fim da temporada – afirma Paulo Paixão.

Trabalhando na Seleção Brasileira há muito tempo, Paulo Paixão passou os últimos três anos no CSKA, da Rússia. Depois de voltar de lá e ver o trabalho que é realizado ao redor do mundo, ele afirma que o Brasil tem o melhor trabalho de preparação física do mundo:

– A diferença é enorme. Qualquer jogador que tenha um problema físico no Exterior vem ao Brasil tratar. No resto do mundo falta um trabalho de metodologia. Eles não tem criatividade. Se nós temos pouco tempo para trabalhar, inserimos no time um volume de resistência aeróbia (exercícios de corrida longa), anaeróbia (capacidade de realizar um trabalho de intensidade máxima), de força, de velocidade. Eles não têm esta capacidade. Ou eles fazem um trabalho de velocidade ou não fazem nada. Fazem muito joguinho com campo reduzido, mas não tem a capacidade de fazer um trabalho como a gente. Não fazem testes físicos, não fazem nada – revela Paixão.

Como se vê, o futebol pentacampeão depende muito da atualização e evolução dos profissionais da educação física no país para conquistar ainda mais títulos mundiais.

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