| 22/10/2009 07h10min
Depois de 998 comemorações na história do clássico, as torcidas de Grêmio e Inter foram para o Gre-Nal 360 com uma curiosidade: quem marcaria o milésimo gol? Era um ingrediente a mais para um jogo por si só cheio de atrativos. Durante a semana, era só o que se falava na cidade. Os jogadores davam entrevistas e faziam apostas sobre quem seria o autor da marca histórica. Mas a honra caberia a um recém-chegado.
No primeiro tempo, o placar ficou fechado. Jogo disputado, brigado, como o Gre-Nal costuma ser. Será que o gol mil seria feito nesta partida ou ficaria para uma próxima? A resposta começou a ser escrita no intervalo, quando Joel Santana promoveu a estreia de um atacante goiano cabeludo. Camisa 18 às costas, Fernandão entrou no lugar do zagueiro Wilson, e o Inter foi para cima.
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Aos oito minutos, o novato sofreu a falta que originou o gol 999. Alex cobrou bem e Vinícius cabeceou para trás, encobrindo o goleiro paraguaio Tavarelli. Aos 37, quando já parecia que o gol mil não iria acontecer naquele frio fim de tarde de sábado, eis que surge o grande momento. Elder Granja domina a bola na ponta direita e...
— Olhei para a área, vi o Fernandão entrando em velocidade e procurei alçar a bola na área, porque ele é alto — lembra o lateral.
Do alto do seu 1m90cm, o atacante saltou mais um bom pedaço e ficou em condições de completar o cruzamento preciso. Fez o cabeceio seco, forte, no canto direito, o mesmo em que a bola havia entrado no primeiro gol. O Beira-Rio explodia em festa, pois o milésimo gol era do
Inter, enquanto Pedro Ernesto Denardin gritava no microfone da Rádio
Gaúcha: "Predestinado!!!! Predestinado Fernandão!!!!"
O artilheiro marcou e se ajoelhou no gramado para agradecer a Deus. Em seu primeiro gol, já estava consagrado. Abraçado pelos colegas, foi comunicado por Rafael Sobis de que aquele era o gol mil. No momento, como contaria anos depois, "teve certeza de que havia escolhido o clube certo". De lá para cá, principalmente depois de levantar as taças da Libertadores e do Mundial, deu dezenas de entrevistas sobre a auspiciosa estreia. O Inter venceu por 2 a 0 e os colorados puderam comemorar a marca histórica.
Já o responsável pela assistência precisa não teve o mesmo reconhecimento. Por isso, cinco anos após fazer aquele que talvez tenha sido o cruzamento mais importante da sua carreira — certamente o mais histórico —, Elder Granja foi ouvido sobre o lance. Ele garantiu que não se incomoda por não receber os méritos.
— Foi muito bom para a minha carreira, mas o pessoal dá mais ênfase para quem faz o
gol. Fazer o que, vida de lateral é
assim mesmo — conforma-se.
Foi bom também para Joel Santana. O técnico, que havia estreado com uma derrota de 5 a 1 para o Botafogo, estava nervoso à beira do campo. Comemorou entusiasticamente os dois gols e o sucesso da sua substituição. No final do jogo, postou-se na boca do túnel e esperou cada um dos jogadores para cumprimentá-los pela vitória. Os mesmos jogadores que ele havia motivado de forma enérgica antes da partida.
Na preleção, o treinador mostrou uma gravação do técnico adversário, José Luiz Plein, dizendo que o Grêmio iria vencer o clássico e "arrumar a casa" (naquele campeonato, o time acabou caindo para a segunda divisão). Joel tirou a fita, jogou no chão, pisou e chutou para longe.
— Ele disse que no Beira-Rio quem manda é o Inter. E que devíamos ir para cima do Grêmio. Entramos acesos — contou Alex na ocasião, depois do jogo.
Foi um Gre-Nal histórico, como pode ser o do próximo domingo, a partir das 16h, no
Beira-Rio.
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